O livro "Tempo de caju", da escritora cearense Socorro Acioli, teve as letras transformadas em adereços na Sapucaí, sendo uma das inspirações para o desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, do Rio Janeiro, nessa segunda-feira (12). A escola colocou a fruta como símbolo de brasilidade.
"Que alegria! Meu livro Tempo de Caju, publicado pela Maralto Edições e ilustrado pelo Mauricio Negro é uma das inspirações para o samba enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel", publicou Socorro nas redes sociais.
A Mocidade Independente, inclusive, ganhou o prêmio do Estandarte de Ouro de melhor ala de passistas deste ano. Durante a apresentação, a personagem Carmem Miranda apareceu direto da arquibancada numa interação criativa com o público.
A comissão de frente "destronou" a banana, que apesar de ser exótica, é relacionada ao Brasil, para dar espaço ao caju, fruta nativa do País.
O que conta o livro
A sinopse do Tempo de caju contextualiza que o menino Porã vive num povo indígena no qual a idade de dos membros é contada pelas castanhas de caju que cada um vai acumulando.
No caso, a temporada da fruta, adorada e esperada por todos, marca também a passagem do tempo. Quando o avô do curumim morre, suas setenta castanhas ficam para o neto, junto com a responsabilidade de liderar a aldeia ao chegar na vida adulta.
Ao seguir o destino com os ensinamentos do avô, Porã encontra, nas castanhas, os caminhos, cheio de percalços, para cuidar do povo indígena.
Literatura no Carnaval
A escola de samba Portela desfilou entoando o enredo "Um Defeito de Cor", em referência ao livro de mesmo nome da autora Ana Maria Gonçalves, de 2006, na madrugada desta terça-feira (13), no Rio de Janeiro. A obra faz uma homenagem às mães negras e o samba-enredo foi premiado como o melhor de 2024.
O livro publicado há quase 20 anos conta a história de Kehinde, uma africana trazida para o Brasil na infância para ser escravizada. Na juventude, a mulher comprou a própria liberdade e participou de movimentos relevantes para o povo negro. Contudo, ela teve uma perda importante.
Kehinde precisou deixar um filho no Brasil, vendido como escravizado, e o livro mostra uma carta escrita por ela para o menino após décadas de separação. Durante o desfile, o samba coloca a resposta emocionada do filho para a mãe. Essa "continuação" da história foi aprovada pela escritora.
Salgueiro, Grande Rio, Porto da Pedra e Imperatriz Leopoldinense também levaram para a Sapucaí enredos baseados em livros.