A viúva de Gal Costa, Wilma Petrillo, teria boicotado contratos da artista com a gravadora Sony e ainda vetado um clipe por transfobia durante o lançamento do disco 'Estratosférica', em 2015, o que resultou na demissão da artista. As informações foram dadas por André Pacheco, ex-gerente de marketing da empresa, em entrevista à revista Quem.
Pacheco era o responsável pela venda de shows da turnê do disco, além de estar à frente da estratégia de divulgação entre 2015 e 2016. Segundo ele, a relação acabou em péssimos termos.
"A gravadora demitiu a Gal por conta da Wilma, porque ela não assinava nenhum contrato, não cumpria nenhuma norma e a Gal era a vítima. A Gal sempre foi a vítima", afirmou ele em determinado momento da entrevista, quando citou a época em que deixou a gravadora para tratar de uma crise de herpes-zóster.
Durante a conversa com a repórter Carla Neves, da Quem, André Pacheco contou sobre a longa relação com o trabalho de Gal, pontuou que conhece Wilma Petrillo há anos e que acredita em todos os relatos da denúncia sobre os comportamentos da viúva publicados inicialmente na revista Piauí.
"Quando eu fui pra Sony, ninguém queria a Gal, ninguém queria o projeto, mesmo que fosse maravilhoso, por causa dela [Wilma], mas conseguimos. Quando Gal chegou, começamos a ter vários problemas por causa de contrato, com Wilma, o que pode e o que não pode, mas a Gal sempre só sabia de metade da história", afirmou ele.
Relação conflituosa
A relação com Wilma, ele conta, só funcionava quando ele resolvia manter tudo em bons termos. Apesar de ter proibido a presença dela em reuniões, a força de decisão ainda partia da viúva de Gal Costa em diversos momentos. Assim, era ela quem decidia quando cada assinatura de contrato ocorreria.
Nesse meio tempo, contou Pacheco, quando as coisas eram decididas, Wilma acabava mudando de ideia logo depois. "Aí falei: "Gal, ou a gente não lança mais o CD Estratosférica e a gente não vai fazer a sua turnê ou a partir de agora vamos fazer reunião só nós", explicou, citando Marcus Preto, produtor, e a assessora de Gal.
Um dos vetos de Wilma citados pelo ex-gerente fez referência ao clipe de 'Quando Você Olha Pra Ela', de autoria de Mallu Magalhães. André Pacheco explica que todo o roteiro foi formulado, mas esbarrou em um problema direto de Wilma.
"A Gal pirou, adorou, achou que estava lindo. Mas quem assinava era a Wilma e ela não autorizou a liberação. Quando viu, não foi bem assim que ela disse, mas disse: "se tiver travestis, não entra". Eu disse: "Mas Wilma, não tem travestis. É estética agênero". Ela: "travestis"", continuou ele na longa conversa.
A outra versão do material, inclusive, também não foi aceita. Wilma teria negado a veiculação por acreditar que "Gal não estava bonita". O clipe foi reformulado com uma gravação da artista no palco, com um drone, mas esse também não saiu.
Afastamento da gravadora
Em seguida, Pacheco precisou se afastar da gravadora para tratar uma crise de herpes-zóster por conta do estresse. Dois meses de licença e, perdendo o principal link com a Sony, Gal acabou sendo demitida após não assinar nenhum dos contratos propostos até então.
"Foi uma pena enorme. Quando eu falo que ela era vítima, ao mesmo tempo que ela confiava muito em mim, no Marcus Preto, na assessora, todo mundo, ela também tinha uma dependência muito grande da Wilma. Se ela [Wilma] falasse: "vocês estão fora", todo mundo tava fora. Qualquer embate, quem ganhava era a Wilma", completou o ex-gerente.
O relato dele continua citando como Gal não tinha a real dimensão de como Wilma atrapalhava a carreira dela. Conforme as declarações de André, Wilma criava uma "cortina de fumaça", tratando todos bem, mas diminuindo Gal nos bastidores afirmando que ninguém gostaria de contratá-la e que até programas de TV não aceitavam a participação dela.
Quando Pacheco se demitiu da Sony e Gal já estava fora, ele foi bloqueado do WhatsApp pela artista, mas revela ter certeza que o ocorrido foi de autoria de Wilma, que tinha acesso aos contatos de Gal.
"Quando eu saí da Sony e deu todo esse problema, ela bloqueou o meu telefone da Gal, o meu WhatsApp. Eu falava com a Gal no WhatsApp o dia inteiro. E ela me tirou de tudo. A Wilma brecou tudo e mais uma vez colocou a Gal numa bolha e tirou a relação que ela tinha comigo", reforçou.
Sobre a repercussão, ele disse sentir tristeza. Eu fico vendo o que a Gal passou, que eu já via. "Só que podiam ter visto isso antes. Tem muita gente que podia ter visto isso antes. Podia não, que viu, que percebeu e preferiu se afastar", finalizou.
A Sony não respondeu a Quem sobre os contratos relacionados entre Gal e a gravadora entre 2015 e 2016. Enquanto isso, Wilma Petrillo não atendeu os telefonemas ou pedidos de entrevista feitos pela publicação em questão.