O cearense Emiliano Queiroz — reconhecido ator que faleceu nesta sexta-feira (4), aos 88 anos — marcou a história do teatro brasileiro a partir de diferentes papeis. Em um deles, inspirou, de certa forma, também uma música que se tornou célebre no panteão do cancioneiro popular nacional.
No final dos anos 1970, o ator foi convidado pelo compositor Chico Buarque para compor o elenco da primeira montagem do musical “Ópera do Malandro” (1978), especificamente no papel da travesti Geni. A produção, naturalmente, teve as músicas assinadas pelo próprio Chico.
“O personagem tinha já uma música quando começaram os ensaios”, iniciou Emiliano, em entrevista ao Diário do Nordeste, em 30 de março de 2007. A canção original tinha somente três estrofes, como recontou o cearense no livro “Na Sobremesa da Vida”, no entanto, o compositor acabou se inspirando ao ver Emiliano vivendo Geni nos ensaios.
“Um dia, o Chico mandou eu deixar tudo de lado. Compôs 'Geni e o Zepelim' depois que viu meu trabalho de ator. Foi uma experiência maravilhosa”, partilhou ao DN. “Por mais de um ano fui aplaudido quase todas as noites ao final da música”, celebrou o ator em autobiografia.
Entre outros trabalhos teatrais de destaque de Emiliano, estão os espetáculos “A Navalha na Carne” (1969), no qual viveu o homossexual Veludo, e “Dois Perdidos Numa Noite Suja” (1971), ambos escritos por Plínio Marcos.
Exposição de fotografia homenageia Emiliano
O Museu da Fotografia Fortaleza segue em cartaz com uma mostra que conta a trajetória artística do cearense que conquistou o Brasil. A exposição “Emiliano Queiroz - De Aracati para o Mundo” reúne 105 fotos da carreira do ator em diferentes produções. A visitação é gratuita de terça a domingo, das 12 às 17 horas.