Apenas voz, violão... E um celular! Estas foram as ferramentas necessárias para o cearense Marcos Filho compartilhar sua arte com o mundo. Dispondo destes recursos, gravou sozinho de casa as músicas que criava. A partir da internet construiu o universo musical marcado pelas letras cheias de sinceridade. Nascia assim o artista Hiosaki.
Cantando as tristezas, o jovem foi angariando fãs. No YouTube, ultrapassou um milhão de inscritos e comemora a marca de 120 milhões de visualizações. Hoje, o garoto tímido que tinha medo de falar em público ficou no passado. O cantor e compositor nascido em Brejo Santo (distante 422 km de Fortaleza) se prepara para um momento único na carreira.
Hiosaki é uma das atrações confirmadas para o palco Supernova do Rock In Rio 2022. O show acontece em 3 de setembro, dia marcado por reunir artistas de rap, trap e funk de várias regiões do Brasil. Em meio aos ensaios, o criador de "Me Sinto Feio" e "Meu Coração Está Morrendo" falou da trajetória até aqui e da expectativa pela apresentação.
Subir ao palco de um dos maiores festivais do País guarda um sentimento especial. "Significa que todos os esforços e lutas valeram a pena. Fico na responsabilidade de mostrar para amigos artistas da minha cidade que nada é impossível", conta Hiosaki.
Melancolia no pop
Para seguir na promissora estrada da música, Hiosaki se observa como uma pessoa cheia de sonhos. Quando tinha nove anos pegava o violão do pai que sempre ficava guardado no guarda-roupa. Começou, assume, tocando escondido e ouvindo muita MPB.
Aos 15 encarou uma fase pessoal difícil. Ouviu dos pais que ele precisava arrumar algo para fazer e compor passou a ser rotina. "Sempre tive pavor de falar em público então comecei a cantar no quarto colocando toda a minha tristeza da época nas músicas, e assim comecei a tocar e gravar no celular", descreve.
O começo rolou de forma natural, postava músicas para desabafar e assim tudo foi fluindo. A internet foi crucial para tudo, até porque, artistas da terra não recebem o apoio que deveriam".
O processo de produção caseira aproximou Hiosaki do chamado "sad pop". Subgênero, esse "pop triste" aproxima rock, rap, trap, eletrônico, entre outras sonoridades, para cantar assuntos que vão da vulnerabilidade, bem como adolescência, auto-estima e amores não correspondidos. "O sad veio de uma mistura do indie com lofi, meu som eu classifico hoje em dia como um pop melancólico", defende.
A faixa etária de seu público varia entre 13 e 34 anos. Sobre o desafio de cantar para ouvintes dessa idade, Hiosaki explica que sua música se inspira no que ele vive, seja no passado, presente ou futuro. "A responsabilidade é imensa, mas, no fundo, eu e meus fãs somos tipo uma família", completa.
Do Rei ao Rock In Rio
Essa história ganhou asas em 2017, quando o cearense criou a conta de YouTube. O ano tem sido corrido e a lista de lançamentos acompanha a fase produtiva. Na sexta-feira (19), o single "Seu Jogo" chegou ao mercado. Dessa produção também nascem parcerias musicais. Como os "feat" realizados com a cantoras Day Limns (em "Odeio me Apaixonar"), Bia Marques ("Eu Sou um Fracasso") e Zé Vitor ("Rotina").
Outra surpresa deste ano foi a gravação do cover de um medalhão da música brasileira. E Hiosaki foi longe na arte de tocar o coração quando escolheu "Falando Sério" para homenagear. Composta por Carlos Collae e Maurício Duboc, a canção foi imortalizada por Roberto Carlos em 1977. Assim, um novo público passou a conhecer o som do Rei.
Os preparativos e ensaios para o Rock in Rio estão na ordem do dia. Conhecido pelo minimalismo que o formato voz e violão propicia, Hiosaki arregimentou uma banda e promete para setembro um repertório com pegada mais rock. Além dele, se apresentam o gaúcho Ike, o paulistano Yunk Vino e o carioca Mc do Poze. Para encerrar, o trap do baiano TETO.
Perguntado sobre a expectativa de tocar em um dos maiores festivais do Brasil o cearense é direto. "O que esperar do show no rock in rio? muito Rock and roll e energia positiva", conclui o último romântico de Brejo Santo.