Da ‘pior’ à maior, coxinha em Fortaleza ganha versões diferentonas sem perder a preferência

Alimento prima pela versatilidade a ponto de explorar variações inusitadas; listamos algumas das mais curiosas, incluindo de cabidela, de polvo e veganas

Bateu vontade de comer coxinha? Fortaleza tem inúmeras opções disponíveis, algumas que fogem do comum. A diversidade abraça sabores e formas de apresentação sem deixar de lado os predicados que fazem o alimento tão querido. Sequinhas, crocantes, recheadas e acessíveis, fazem a festa do paladar a qualquer hora do dia.

O Verso listou algumas das mais inusitadas, seja pelo gosto, seja pelo tamanho. Já imaginou devorar uma de meio quilo? Ou comer uma de cabidela? E aquela autointitulada como a “pior” da cidade? A variedade espelha o investimento de empreendimentos gastronômicos em proporcionar sensações únicas e alinhadas à criatividade cearense.

Neste guia, você confere não apenas informações gerais sobre as coxinhas, mas sobretudo por que elas não perdem a majestade e seguem invictas na preferência popular quando o assunto é salgado. Também incluímos detalhes dos restaurantes e quiosques para você levar sua família, amigos ou ir em visita solo. De todo jeito, a coxinha será uma boa companheira.


Coxinha de polvo

Comecemos com uma das mais curiosas. A coxinha de polvo é especialidade do Muvuco Boteco, localizado no Joaquim Távora. E deve ser a única de Fortaleza preparada com esse insumo, conforme o chef Pedro Paulo de Menezes, proprietário do estabelecimento.

“Fazemos a massa com um caldo bem gostoso de frango e o recheio é um refogado muito bem temperado de alho, cebola, cheiro verde e polvo”, descreve.

A novidade tem dado retorno. São 60 a 80 coxinhas de polvo vendidas por semana na casa – que, além do quitute, oferece outros petiscos de frutos do mar e pretende mudar a gastronomia da cidade, atrelando boa comida à conscientização quanto ao processo do produto e o tempo de colheita.

“O feedback é sempre positivo em relação ao produto e ao custo-benefício. Afinal, o polvo é um produto caro e de pouco rendimento. Conseguimos entregar qualidade e preço justo”.

Cada coxinha sai a R$32.90 e vem acompanhada de uma maionese de alho saborosíssima. Para Pedro, o alimento não é apenas paixão cearense, mas atravessa o Brasil. “Como diz o amigo Luiz Vítor, crítico gastronômico: fritura é vida. Não tem como não gostar, e essa de polvo tá um espetáculo”, festeja.


Serviço
Coxinha de polvo no Muvuco Boteco
Localizado na Rua Coronel Alves Teixeira, 1893, Joaquim Távora. Funcionamento: de quarta a sexta-feira, de 17h às 22h; sábado, de 12h30 às 22h00, e domingo de 12h30 às 18h. Mais informações nas redes sociais


Coxinha de meio-quilo

Outra coxinha diferentona na Capital é aquela comercializada pelo Comida da Hora. O carrinho estacionado na Avenida Beira-Mar, bem próximo à estátua da Iracema Guardiã, nasceu em agosto de 2021 e, desde a data, tem surpreendido a clientela com a coxona de aproximadamente meio quilo disponível em vários sabores.

Tem de Frango com Catupiry, Frango com Cheddar, Frango com Cream Cheese e Mista – com carne moída, frango e calabresa. O valor é R$20. A empreendedora Renata Rebouças Ferreira comemora a adesão. Só no período de baixa estação, o carrinho vende de 50 a 100 coxonas. “ O público brasileiro em geral é fã desse salgado”, diz.

“Até estrangeiros se rendem ao sabor quando degustam nossas coxinhas e coxonas”. Por sinal, para além daquelas com tamanho avantajado, existem as tradicionais, nos sabores Frango (R$12), de Carne do Sol e também de Camarão, ambas com cream cheese, a R$15.

“Hoje o Comida da Hora se tornou a principal fonte de renda da família. Por meio dessa atividade, conseguimos dar oportunidade a colaboradores, assim como realizar sonhos pessoais”, conta a empresária. 

Com o tempo, a ideia é expandir o negócio. Até lá, tem sido deliciosa a jornada de proporcionar ao público a combinação perfeita, nas palavras de Renata: massa + recheio. “O que despretensiosamente ajudava a pagar umas continhas, começou a crescer pela dedicação ao trabalho; pela disciplina no padrão; e devido à experiência vivida no setor comercial durante muitos anos. Mas, principalmente, pelo amor que tenho pela culinária”.


Serviço
Coxona de meio quilo no Comida da Hora
Localizado na Rua Ildefonso Albano, 68, Praia de Iracema. Funcionamento: de sexta a domingo, a partir das 16h30. Mais informações nas redes sociais


Coxinha de cabidela

A cozinha contemporânea do restaurante Aconchego, no Museu da Indústria, proporciona a experiência da coxinha de cabidela. “O sabor é intenso, quem gosta de miúdos vai amar. Elas são bem sequinhas e crocantes por fora e cremosas por dentro”, situa Karol Teodoro, chef e fundadora do espaço.

Segundo ela, a galinha à cabidela é, de forma simplificada, aquela cozida em molho pardo, ou seja, com o próprio sangue. Isso confere um sabor único, principalmente porque precisa ser feita com a galinha extremamente fresca

Ao transformar em coxinha, a chef drena a galinha pra separar a carne do caldo. Com esse caldo, se faz a massa com o molho pardo – o que explica, por sinal, a coloração preta da coxinha. O recheio é com carne de galinha. Para a apresentação, as coxinhas são empanadas em farinha de jenipapo e servidas com molho de pimenta e rapadura preta. 

A porção com três unidades de aproximadamente 60g cada, com acompanhamento de molho, custa R$29. “Está no cardápio há 2 meses e é sucesso. Um dos carros-chefe do restaurante, que recebe milhares de cearenses e turistas, abrindo todos os dias”.


Serviço
Coxinha de cabidela no Aconchego Restaurante
Localizado na Rua Dr. João Moreira, 143, Centro. Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 11h30 às 17h; sábado e domingo, das 9h às 17h. Mais informações nas redes sociais


A “pior” coxinha de Fortaleza

Do requinte à gaiatice cearense. Na rede “A Pior Coxinha da Cidade”, o diferencial realmente é a forma de intitular o produto. “Nossa história é digna de roteiro de cinema”, dividem os proprietários, Luís Alexandre e Isadora Castro. O início foi em 2020, primeiro ano de pandemia, quando o mundo estava de cabeça para baixo e todos esperavam pelo pior.

“Foi aí que tivemos uma ideia: por que não transformar o ‘pior’ em uma oportunidade? Enquanto muitos estavam preocupados com o futuro, nós decidimos que era hora de fazer algo diferente no ramo de alimentação nesse período de pandemia”. Não deu outra. A rede abriu com a singularidade de apostar no marketing reverso para angariar fregueses.

Outro atributo é o preço: apenas R$1 a unidade. E ainda tem o mini-salgadinho, R$0,35 cada. O serviço acontece nas mesas das lojas, mas há um público forte que passa para levar em quantidade para casa, trabalho, confraternização, entre outros. Os pontos de venda estão em Fortaleza, Caucaia, Cascavel e Itaitinga.

“Os clientes sempre recebem a proposta com muito bom humor e curiosidade para provar A Pior Coxinha da Cidade. E ainda divulgam – inicialmente pelo nome diferente, depois pelo sabor que surpreende. Falam que é ‘propaganda enganosa’”, ri o casal, que prospecta uma meta inicial de 10 lojas e aperfeiçoamento da estrutura.

Faz sentido. Afinal, a média de venda por dia nas lojas gira em torno de oito mil unidades no total. Um hit, sem dúvidas. “Nosso nome chama, e nosso sabor, qualidade e atendimento mantêm os clientes fiéis, que trazem novos clientes. Parece que a ideia pegou! Afinal, quem diria que o ‘pior’ poderia ser tão bom?”.


Serviço
A Pior Coxinha da Cidade
Localizado em diferentes lojas nas cidades de Fortaleza, Caucaia, Itaitinga e Cascavel. Mais informações nas redes sociais

 

Coxinhas veganas

Por fim, se a escolha for por opções saudáveis, coxinhas veganas também têm espaço na Capital. A Life Alimentação Saudável, por exemplo, investe em coxinhas preparadas na gordura vegetal de palma, livre de gordura trans. Com massa de batata, elas ficam super macias por dentro, além de contar com recheios inconfundíveis.

Carne de caju, palmito com azeitona, caldinho de feijão, milho com tomate e espinafre e milho verde são as alternativas. “Temos opções de diversos sabores e tamanhos, todas a partir de R$10”, explica a empresária Mariana Cabral. “Além das coxinhas, há kibe vegano e até pastel vegano. Mas o carro-chefe mesmo são as coxinhas”.

São cerca de 500 delas na versão mini vendidas por dia e em torno de 50 das tradicionais. Mariana, claro, comemora. A aderência do público é grande, até mesmo do convencional, que muitas vezes prefere a opção vegana por ter um sabor diferente de todas as outras coxinhas, além de ser um alimento mais saudável.

“O cearense gosta de coxinha, né? A grande questão da coxinha vegana é que as pessoas estão aderindo a esse estilo de vida. Sempre promovemos a Segunda Sem Carne, pra incentivar ao público, seja lá qual for, a experimentar e fazer parte desse movimento. As pessoas realmente amam”.

Além de abrir outras filias, a ideia da Life vai além. Hoje, a empresa produz a carne de caju em si e fornece para vários restaurantes de Fortaleza que utilizam o insumo para fazer receitas próprias, a exemplo de moqueca, petiscos, pizza e refeições. “Nossa intenção é que os produtos veganos cheguem a todos os setores de modo a realmente incluir todos os clientes que sofrem com a falta de opções em muitos locais. Eles precisam ser atendidos”.

Serviço
Coxinhas veganas na Life Alimentação Saudável
Localizado na Rua Pereira Filgueiras 1931 - Loja G e apenas online (delivery) no bairro Jacarecanga. Funcionamento: diariamente, das 12h às 20h. Mais informações nas redes sociais