Ariano Suassuna: dez anos sem o poeta que mudou a cultura popular no Brasil

Uma das obras mais famosas do escritor é "O Auto da Compadecida"

Escritor, filósofo, poeta e dramaturgo paraibano, Ariano Suassuna foi responsável por deixar um vasto legado cultural no Brasil. Completam-se dez anos da morte do artista nesta terça-feira (23), dia em que obras icônicas dele são relembradas por admiradores e fãs. 

Ariano foi publicado em vários idiomas e fez parte da Academia Brasileira de Letras (ABL). Na hora da posse, o escritor Joaquim Falcão, também membro da ABL, lembra que Suassuna dispensou o fardão, traje tradicional, e estava de alpercatas.


 
O escritor nasceu na sede do governo do estado, atual João Pessoa, em 16 de junho de 1927. Ariano passou a viver a juventude em sua pequena Taperoá, após perder o pai, assassinado por razões políticas. Esse fato fez com que ele nunca caísse em críticas generalizantes sobre o tema, segundo Joaquim Falcão, membro da ABL.

"Ele sempre dizia o seguinte: ele tem pena dessa generalização que o Brasil faz por profissão. Isso o Ariano era absolutamente contra. E ele tinha pena dessa generalização, porque essa generalização não reflete o Brasil", disse em entrevista à Rádio Nacional.

'O Auto da Compadecida' e outras obras

Para os palcos, foram as obras O Auto da Compadecida, Uma Mulher Vestida de Sol e A Farsa da Boa Preguiça. Suassuna tinha carinho pelo que criava e gostava de ver sua obra ganhando adaptações para o cinema e para a televisão. Chegou a participar ativamente dos bastidores de algumas delas.

Joaquim Falcão resume a brasilidade de Ariano, lembrando uma crítica bem-humorada do escritor sobre a Disney World.

"O que se precisava de Ariano hoje é isso que você está fazendo. É que o Brasil descubra o Brasil. O Brasil não é Disneylândia. O Brasil é Taperoá".

Participação na política

Suassuna foi secretário da Cultura de Pernambuco entre 1994 e 1998, no governo de Miguel Arraes e assumiu o mesmo cargo, como secretário especial no primeiro mandato do governo Eduardo Campos (PSB), neto de Arraes, em 2007.

Seu foco sempre foi o da valorização da cultura popular. O posicionamento dividia opiniões, devido às críticas que constantemente fazia aos estrangeirismos na língua portuguesa e às manifestações da indústria cultural, como o funk e o forró eletrônico.