A professora Ana Paula Pereira Gomes, de 41 anos, foi chamada de "macaca" na lista de presença da turma de 2º ano do Ensino Médio, na Escola Municipal Professor Linneu Prestes, a qual dá aula em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo.
O casa aconteceu no último dia 24 de outubro e, uma semana depois, estudantes encontraram desenhos de dois símbolos nazistas gravados em uma mesa da instituição: uma suástica e um SS — referente à polícia ligada ao Partido Nazista, liderado pelo ditador e genocida Adolf Hitler. As informações são do portal Uol.
A docente, que atua na escola desde 2017, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) sobre a injúria racial encontrada na lista de presença. Ana Paula Pereira foi avisada sobre o uso do termo depreciativo por um colega. Na lista, cada professor coloca o próprio nome no dia em que dará a disciplina.
"Isso chegou ao conhecimento de uma colega. Ela entendeu que se referia a mim porque estava no local onde ficaria o meu nome na aula que seria dada no dia seguinte. Ela apresentou até a direção e aguardou que tomassem as providências", explicou ao Uol.
"Às 15h do mesmo dia, outro colega viu a coluna correspondente ao meu nome e me avisou. Os alunos já estavam falando sobre a ofensa racista. Fiquei chocada, disse que não sabia do que ele estava falando. Fui atrás da lista para entender do que se tratava", detalhou.
Após ter acesso ao documento, por volta das 17h, a docente conversou com o diretor da instituição e os dois, com mais dois professores, conversaram com os estudantes da turma onde a lista foi assinada para avisar que o ato é um crime.
A Prefeitura de São Paulo declarou, por meio da Secretaria Municipal da Educação, que "repudia qualquer ato de discriminação e racismo" e que a Diretoria Regional de Ensino "instaurou apuração interna" sobre o caso.
Símbolos nazistas
Uma semana após o episódio, um dos integrantes do Grêmio Estudantil encontrou os desenhos de origem nazista marcados em uma mesa da instituição após conversar com uma estudante do 1º ano.
Ana Paula Pereira relatou que, até o momento, nenhum suspeito pelos crimes foi identificado. "Não sabemos ainda se as duas situações têm relação", completou.
Para ela, é necessário que a instituição de ensino se posicione. Em uma reunião na escola, a professora afirma que ouviu que "isso podia ser só uma brincadeira de mal gosto". "Escola tem que declarar que não quer formar cidadãos racistas, violentos, nazistas, transfóbicos, que discriminam pessoas com deficiência", defendeu.
"A escola, enquanto instituição responsável pela formação cidadã dessas pessoas, precisa dimensionar a gravidade do que significa normalizar ou trazer para rotina símbolos que representam discursos de ódio e o extermínio de povos inteiros. De milhões de pessoas", relatou ao Uol.
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