Três anos e quase cinco meses após o assassinato a tiros do pastor Anderson do Carmo, a mulher dele, a cantora, pastora evangélica e ex-deputada federal pelo PSD Flordelis dos Santos de Souza, 61 anos, começou a ser julgada nesta segunda-feira (7). O primeiro dia do julgamento aconteceu no Tribunal do Júri de Niterói, na Região Metropolitana do Rio e foi marcado por bate-boca.
Conforme a revista Veja, houve troca de acusações entre os advogados de defesa e os promotores e advogados assistentes da acusação. Além disso, Flordelis chorou muito, principalmente ao perceber a presença dos parentes na plateia.
Em meio ao depoimento de Bárbara Lomba, delegada responsável pelo inquérito, a defesa acusou o Ministério Público de manipular o juri na interpretação de conversas encontradas no celular de Flordelis.
Em outro momento do julgamento, a juíza Nearis Carvalho Arce pediu a uma advogada da defesa para acelerar as perguntas, que por sua vez respondeu rispidamente: “se não quer que eu fale, comunica”.
A tensão permaneceu ao longo dos depoimentos. Inclusive, o advogado da família, Ângelo Máximo revelou que foi ameaçado de receber um processo administrativo por parte da defesa de Flordelis porque se pronunciou sobre o papel encontrado na cela da ex-deputada federal. Ela escondeu um celular nas partes íntimas, que veio embrulhado em um papel que tinha números de telefone.
“Isso quem disse não fui eu, foi a policial penal. E estão usando isso para me ameaçar, dizer que não estou sendo ético. A falta de ética é ameaçar um colega”.
Assassinato de Anderson do Carmo
Anderson foi morto a tiros dentro de casa na madrugada de 16 de junho de 2019 em Niterói, Região Metropolitana do Rio.
Segundo a investigação, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio. A deputada também teria financiado a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada, de acordo a denúncia.
O motivo do crime, descreve a denúncia, seria o fato de a vítima manter rigoroso controle das finanças familiares e administrar os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado das pessoas mais próximas a Flordelis, em detrimento de outros membros da numerosa família.
Além da antiga parlamentar, mais dez pessoas foram denunciadas pelo crime: sete filhos dela, uma neta, um ex-policial militar e a esposa dele.
Réus condenados sobre o caso até novembro de 2022:
- Carlos Ubiraci — em 2022, foi absolvido das acusações de homicídio triplamente qualificado e de tentativa de homicídio, mas condenado a 2 anos e 2 meses de prisão por associação criminosa;
- Adriano dos Santos Rodrigues — em 2022, o filho adotivo de Flordelis, foi condenado a 4 anos, 6 meses e 20 dias de prisão por associação criminosa e uso de documento falso;
- Marcos Siqueira Costa — em 2022, o ex-PM foi condenado a 5 anos e 20 dias de prisão por associação criminosa e uso de documento falso;
- Andrea Santos Maia — em 2022, a esposa de Siqueira foi condenada a 4 anos e 3 meses e 10 dias de prisão por associação criminosa e uso de documento falso.
- Lucas Cezar dos Santos de Souza — em 2021, o filho adotivo de Flordelis foi condenado a 9 anos em regime inicialmente fechado por homicídio triplamente qualificado. Ele foi acusado de ter sido o responsável por adquirir a arma usada no assassinato do pastor.
- Flávio dos Santos Rodrigues — o filho biológico da ex-deputada foi condenado, em 2021, a Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da ex-deputada.