A professora Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, afirmou que o namorado, o vereador carioca Dr. Jairinho (sem partido), “é um homem ruim, doente e psicopata”. A declaração foi escrita em carta destinada a parentes, divulgada no programa Fantástico desse domingo (2).
No texto, direcionado aos pais e ao irmão, Monique diz que acreditava "cegamente" em Jairinho. "Depois que comecei a transcrever para o papel tudo o que ele fez comigo, em tão pouco tempo, que pude perceber o quanto fui usada, o quanto fui violentada, o quanto me humilhei e me rebaixei para fazer dar certo sobre um relacionamento de um psicopata", narrou a professora.
Ela definiu o vereador, no escrito, como um homem "ruim, doente e psicopata". “É triste, mas é verdade. Ele nos convence do contrário”, acrescentou.
"Hoje, sozinha, tendo vocês e ouvindo mais os detalhes de Deus em minha vida, vejo o quanto tinha um relacionamento doentio. Não sei se um algum dia vou conseguir superar tudo isso".
Monique também pede ajuda e confiança ao pai, os quais foram "poupados" do que ela vivia pelo fato de ela não "também não enxergar". Agora, a mãe de Henry diz ser "apedrejada na cadeia" e receber ameaças de morte diariamente. "Acreditam que eu deixava o Jairinho bater no Henry", diz em outro trecho.
"Meu filho dizia que ele era um homem mau. E eu não acreditei", lamenta em um trecho do escrito.
Viciado em sexo
Ainda no texto, a professor conta detalhes sobre a vida íntima com Jairinho. Conforme Monique, ele era "viciado em sexo" e agia pontuadamente com violência.
“Jairinho me disse até que, antes de me conhecer, ele não beijava de língua nem fazia sexo oral. Nem gostava muito de transar, que achava que era assexuado, só tinha prazer em trabalhar e ganhar dinheiro”, lembrou. “Depois que começou a namorar comigo, começou a gostar muito e queria transar ilimitadamente”.
Para ela, as relações sexuais pareciam um "ritual": “Ele sempre por cima e, na maioria das vezes, me enforcando — mas sem me machucar, era só fetiche da cabeça dele!”, escreveu.
Além disso, a professora afirma que o vereador a obrigava a dizer que ele tinha sido o primeiro homem dela — apesar de ela já ter tido um filho —, o único já amado e o que a tinha levado ao orgasmo pela primeira vez. "Todas as vezes que namorávamos, eu tinha que dizer as mesmas coisas, isso dava prazer a ele".
Agressão por causa de sobremesa
A professora, que permaneceu ao lado de Dr. Jairinho até a prisão, indica episódios nos quais sofreu agressões dele. Um dos casos relatos é o de uma sobremesa pedida por aplicativo.
Segundo Monique, o vereador teve um acesso de ciúmes quando ela conversou com o entregador após ele pedir avaliação no aplicativo.
"Jairinho me perguntou o que o entregador tinha falado e eu contei exatamente como aconteceu (nada demais). Ele começou a me xingar de 'p***', (...) que eu não dava respeito à imagem dele. Ele pegou o telefone celular e enviou uma mensagem de voz para uma mulher amiga dele da vigilância sanitária, dizendo que tinha chegado uma sobremesa na casa dele, estragada, que ele estava passando mal (...) e pediu que ela fosse até lá, para interditar o local", conta.
Após o episódio, ela sentiu raiva e retrucou, afirmando que jogaria fora outras sobremesas guardadas na geladeira. "Ele me xingou de todos os nomes possíveis e impossíveis, que toda semana ele iria até o estabelecimento mandar quebrar a loja, mandar assaltar, mandar quebrar as motos das entregas, mandar bater no dono, que ele ia imprimir a foto dele e dar para seus amigos causar prejuízos até que fechasse", afirma em trecho da carta.
Leniel Borel, pai de Henry, também recebeu uma carta. Ele, porém, não acredita nas palavras da ex-companheira. "Essa Monique coitadinha que apanha e fica quieta. Não. A Monique nunca foi assim. Tá muito bem claro que ela sabia que o Henry tava sendo agredido e não fez nada, né? Não falou e não fez nada".
Versão inventada da morte de Henry
Monique também acusa André Barreto, então advogado de Jairinho, de organizar uma "versão inventada" para a morte do filho dela. De acordo com ela, o advogado fez entrevistas particulares com os dois suspeitos e sugeriu que ambos se unissem e combinassem a versão.
"Na mesma hora eu questionei por que eu não poderia dizer o que realmente tinha acontecido, já que tinha sido um 'acidente doméstico' (...). Eu ainda não estava satisfeita e disse que falaria a verdade, que eu não via problema algum (...). Foi quando a família dele disse que aquela seria a única versão!", relata.
Ela emenda que a família afirmara que André era um excelente criminalista e tinha cobrado R$ 2 milhões para fazer a defesa do casal, mas depois percebeu que a defesa era apenas de Jairinho.
“Todos os meus passos eram controlados, todas as ligações que eu fazia havia alguém por perto, sempre monitorada e eu acalmava meus pais, dizendo que eram orientações do advogado. Era um controle absoluto!”, pontua.
Os advogados de Monique alegam que ela estava isolada "de muitas coisas" e "só pôde ter a noção da realidade muito tempo depois".
A defesa do advogado André afirmou, em nota, que ele jamais alterou a narrativa apresentada pelo casal, desde o início de forma única.
Em relação ao caso, Leniel Borel disse não acreditar na manipulação sobre a mãe de Henry. "Depois eu vi ali a Monique falando que o Jairo tava manipulando, na verdade é o inverso. A Monique, se você for falar com qualquer amigo da Monique, a Monique é conhecida como manipuladora", ressaltou.