Ministério da Saúde anuncia troca da vacina 'gotinha' da polio pela injetável em 2024

Conforme o MS, as quatro doses injetáveis garantirão a proteção necessária contra a pólio no começo da vida das crianças

A chamada "gotinha", vacina oral contra a poliomelite (VOP) será substituída pela injetável, inativada (VIP), a partir de 2024, segundo anúncio do Ministério da Saúde (MS). A mudança foi "amplamente" debatida, antes de ser aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). 

Serão quatro doses injetáveis: aos 2, 4, 6 e 15 meses de vida, conforme o MS. Atualmente, existe uma dose de reforço aos 4 anos, que, a partir do ano que vem, será extinta. 

Conforme o MS, as quatro doses projetadas garantirão a proteção necessária contra a pólio. A atualização é com base em critérios epidemiológicos, evidências sobre o imunizante e recomendações internacionais. 

Durante o evento de anúncio da novidade, a ministra da Saúde Nísia Trindade, ressaltou a importância da troca: "A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do Governo Federal. Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade”. 

Zé Gotinha e números da pólio 

Zé Gotinha, o símbolo da vacinação no Brasil, nasceu por conta do imunizante contra a pólio. O Ministério ressaltou que ele permanecerá na campanha, conscientizando crianças, pais e responsáveis. 

A atuação é importante, pois, desde 2016 o Brasil não alcança a faixa ideal da terceira dose da vacina, que começa ser a aplicada aos 6 meses. O índice em 2021 foi de somente 61% de cobertura. 

Apesar de ter aumentado em 2022, a cobertura terminou em 77,19%, índice longe da meta, que é 95%. 

O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) do Ministério da Saúde, Eder Gatti, pontuou que essa preocupação. 

“Ainda assim, a gente vive um cenário preocupante nas coberturas vacinais, com risco de reintrodução de doenças. Antes o PNI era parte de uma coordenação, mas agora é um departamento completo, o que dá mais dinamismo na gestão do programa e a possibilidade de ferramentas adequadas para o registro dos estados e municípios. Nossas ações estão voltadas para atacar as causas da queda da cobertura vacinal, como a falta de padronização dos sistemas de dados, que agora está sendo feita, para uma oferta de relatórios com qualidade e precisão de informações”, comenta.