Médica que sequestrou bebê estava em fila para adoção de criança, diz delegado

Conforme apuração da Polícia Civil, Cláudia Soares premeditou o crime há meses

A médica Cláudia Soares, presa após sequestrar uma bebê em Uberlândia (MG), estava na fila para adoção de criança e era considerada psicologicamente apta, segundo o delegado Anderson Pelágio, responsável pela investigação. As informações são do g1.

“Enquanto articulava o crime, ela procurou a Justiça e se habilitou para o processo de adoção. O processo foi autorizado pela Justiça [e] os laudos vão contra o que alega a defesa dela”, disse Pelágio.

Conforme apuração da Polícia Civil, Cláudia premeditou o crime há meses. Desde maio deste ano, a suspeita afirmava estar grávida, chegando a comprar um enxoval de bebê.

Ela conseguiu, de forma irregular, um documento que constava a gravidez com um biomédico, com base em um exame de farmácia. As investigações da polícia apontam que ela não estava grávida neste período.

"O biomédico foi ouvido e disse que já era conhecido dela há anos. Ela ligou para ele, contou que estava grávida após fazer um teste e queria um laudo de exame de sangue como se ela estivesse ido ao laboratório. Daí, ele fez na confiança", afirmou o delegado.

A médica de 42 anos foi presa no dia 24 de julho, em Itumbiara, no sul de Goiás, um dia após o sequestro da bebê no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A criança foi resgatada e está bem. 

Entenda o caso

A bebê foi sequestrada na noite do dia 23 de julho, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. Conforme o boletim de ocorrência registrado pela família, a criança foi levada pela médica. As câmeras de segurança do local registraram o momento em que a sequestradora sai da unidade com a menina no colo e entra em um carro que a aguardava.

Nas imagens, é possível ver ainda que a sequestradora usava jaleco, máscara de proteção e crachá da universidade onde ela era professora universitária.

Testemunhas informaram à Polícia que a mulher chegou ao hospital questionando os funcionários sobre onde seria a ala da maternidade da pediatria porque teria de avaliar uma criança. Ela foi, então, conduzida até o quarto onde a bebê estava com a família.

O pai da menina, Edson Ferreira, disse, em entrevista à TV Integração, afiliada da Globo, que a sequestradora falou que levaria a bebê para se alimentar. No entanto, devido à demora para retornar com a bebê, o pai foi atrás de informações e descobriu que a filha já não estava mais no hospital. Foi então que informou à Polícia Militar sobre o sequestro e a corporação iniciou o rastreamento para localizar os criminosos e resgatar a criança.

O caso é investigado internamente, no Hospital de Clínicas, e, também, pela Polícia.

Crime planejado

Em depoimento à Polícia, a sequestradora alegou que estaria doente e que faz uso de remédio controlado. No entanto, os investigadores não acreditam na hipótese, uma vez que a mulher teria comprado itens de bebê como fralda e carrinho. 

"Ela comprou vários apetrechos para a bebê, como fralda e carrinho, o que dá informações de que ela premeditava os fatos. Ela não demonstrou motivação ou se iria ficar, registrar a bebê no nome dela ou passar para uma terceira pessoa", afirmou o delegado Anderson Pelágio à TV Anhanguera.

Suposto surto psicótico

A defesa da médica Claudia Soares Alves disse que a suspeita tem transtorno bipolar e se encontrava em crise psicótica, não tendo capacidade de discernir sobre o que estava fazendo.

Segundo o advogado Vladimir Rezende, Cláudia tinha mudado sua medicação recentemente por conta de uma suposta gravidez. "Com a alteração dos medicamentos, ela teve um surto, um surto psicótico. Nossa defesa vai ser essa, porque realmente é o que aconteceu", afirmou.

Claudia Soares Alves é formada em Medicina em uma faculdade de Minas Gerais, é registrada no Conselho Federal de Medicina (CFM) como neurologista e atende em Itumbiara. A suspeita é professora em duas universidades.