A mãe do bebê de 15 dias colado no bolso do jaleco de uma fisioterapeuta para uma "dancinha" durante atendimento no Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, relatou não ter conhecimento da gravação até ver o momento nas redes sociais. A declaração foi feita em entrevista ao g1, nesta segunda (21). A Polícia Civil investiga o caso.
"Não sabia que era meu filho. Não passava nem na cabeça que era o nosso neném. Fiquei sem chão", contou a mulher de 23 anos, que deu à luz gêmeos, mas não teve a identidade revelada.
O vídeo chegou ao celular da mulher no dia 14 de agosto. Contudo, ela só soube que era seu filho nas imagens dois dias depois, na última quarta-feira (16). "Eles nasceram prematuros, já foram logo para o aparelho de ventilação, porque não conseguiam nem respirar sozinhos. Até hoje, eles estão com sonda", relatou.
RELEMBRE VÍDEO
Mariani Regina da Silva, advogada da família no caso, contou que a criança contraiu uma bactéria após a gravação. Conforme o Hospital Marieta, "não há qualquer relação entre o fato filmado e a colonização bacteriana, tendo em vista que a coleta foi realizada no dia anterior ao ocorrido".
Em nota, a unidade hospitalar também afirmou que "a mãe foi comunicada tão logo houve a confirmação da autoria, no primeiro momento em que esteve no hospital, inexistindo qualquer intenção de abafar o caso".
Três técnicas de enfermagem foram demitidas e a fisioterapeuta foi afastada, conforme empresa terceirizada que as contrataram.
Violência obstétrica
A mãe também disse ter sofrido violência obstétrica da equipe da unidade. Ainda conforme a mãe, os gêmeos nasceram na sala de pré-parto. O Hospital nega a agressão.
A mulher ainda que quando uma das bolsas estourou, procurou a maternidade. Ela foi admitida e recebeu medicação para induzir o parto, já que a bolsa do outro bebê ainda não havia estourado.
"Estava sentindo muita dor, já era umas 2h da manhã, que foi a última vez que o médico veio fazer o toque em mim, pra ver com quantos dedos de dilatação eu estava. Cheguei lá [no hospital] com dois dedos de dilatação, e quando ele foi lá fazer o exame eu já estava com cinco", disse.
Ela relata ainda que teria chamado enfermeiros, mas não foi atendida. Ela teria esperado cerca de cinco horas para receber atendimento novamente.
"Teve que esperar a troca de turno, às 7h horas. A enfermeira perguntou pra mim qual foi o último horário que o médico tinha ido ali para fazer o exame de toque. Eu falei que foi às 2h. Ela já olhou para o médico e ele veio ver. Ele só afastou minha perna e a mão do neném já estava para fora", relatou.
Ao g1, o Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren/SC) informou que não recebeu denúncia sobre o caso, mas "segue apurando os fatos junto ao Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen para averiguar o envolvimento de profissionais de enfermagem no caso".
Relembre o caso
A gravação da fisioterapeuta cantando e dançando uma música viral, enquanto estava com o pequeno paciente no bolso do jaleco, foi compartilhada nas redes sociais. Internautas criticaram a atitude da profissional e, devido à repercussão negativa, a unidade de saúde, gerida pela iniciativa privada, classificou o fato como isolado e informou, por nota, que todas as medidas jurídicas estão sendo tomadas "com o maior rigor possível".
A fisioterapeuta que fez uma "dancinha" com recém-nascido em bolso de jaleco, no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí (SC), foi afastada das funções pela empresa terceirizada para qual prestava serviço, no último dia 15 de agosto. A profissional ainda foi suspensa pelo Conselho Regional de Fisioterapia de Santa Catarina (Crefito-10).
Segundo a entidade da categoria, um processo ético disciplinar contra a mulher foi aberto. O Ministério Público Estadual (MPSC) instalou um procedimento sobre o episódio também nessa terça-feira. As informações são do g1.