A perseguição de pessoas aos familiares de Lázaro Barbosa de Sousa, suspeito da Chacina em Ceilândia, está dificultando a vida de parentes do foragido. Segundo a mãe dele, Eva Maria Sousa, 51 anos, ela e o marido estão "recebendo muitas ameaças". As informações são do Correio Braziliense.
“Está muito difícil. Não tenho cabeça para nada. Não consigo viver mais. Para mim, a vida acabou”, desabafou em entrevista ao portal.
Eva Maria pediu para que o filho se renda e coloque fim as buscas da força-tarefa montada para capturá-lo, que já dura 16 dias. A mãe acredita que a prisão do filho seria a melhor solução agora.
Ela chegou a se oferecer para auxiliar em possíveis negociações com o acusado, mas, por enquanto, as autoridades não convidaram nenhum conhecido de Lázaro para atuar na ação. “As forças de segurança não entraram em contato conosco para ajudarmos a convencê-lo [a se entregar]”, contou.
Sem condições financeiras para pagar um advogado para o filho, Eva Maria relata que conta com a ajuda de um profissional de Brasília que se dispôs a colaborar com a negociação.
Casada há 13 anos com o companheiro, eles moravam em Águas Lindas, Goiás, e trabalhavam como caseiros em uma chácara. No entanto, o casal teve que se mudar para o interior da Bahia após a chacina em Ceilândia.
“Tivemos de sair do nosso emprego e da cidade. Estamos recebendo muitas ameaças. Não estamos nada bem”, revelou.
Atualmente, a família sobrevive à base de doações. Muitos conhecidos se afastaram depois que descobriram a ligação entre Eva Maria e Lázaro. “Estamos em um lugar onde não há emprego. Mas, por medo, não estou procurando agora. Recebemos ajuda de algumas pessoas, só que é difícil, porque, aqui [onde a família está], todo mundo é muito pobre”, desabafou.
Legislação
A advogada e especialista em direito penal, Jéssica Marques, explicou ao Correio Braziliense que, em caos de risco, a integridade da família de Lázaro deve ser resguardada.
“Qualquer situação que ponha em risco essa instituição deverá ser afastada. Tanto o Estado quanto a sociedade têm o dever de prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança, do adolescente e da família”, esclareceu.
Lázaro é casado e pai de duas crianças, uma de 2 anos e outra de 4 anos. Em relação aos filhos do foragido, a especialista disse que, devido ao respaldo legal, eles podem solicitar assistência social e psicológica ao poder público, por meio da inserção em programas de acolhimento familiar e institucional.
Já sobre a possibilidade da participação de familiares em possíveis negociações, a advogada afirma que, legalmente, não há proibição para isso acontecer. No entanto, esse procedimento deve ocorrer por livre e espontânea vontade, para não ofender a integridade psicológica dos envolvidos.
“Os parentes não podem ser responsabilizados ou sofrer qualquer tipo de ataque por parte da população, pois eles respondem só em razão dos próprios atos”, frisa Jéssica Marques.
A advogada também lembra que quem agredir ou intimidar a família do suspeito pode ser responsabilizada judicialmente por esses crimes.
“A pessoa responderá por todas as consequências dos atos dela, tanto na esfera cível quanto na penal, caso o ato esteja tipificado como crime”. O artigo 147 do Código Penal prevê que ameaçar alguém por meio de palavras, gestos ou outros meios, pode implicar pena de multa e até prisão.