A companhia aérea Air France e a fabricante aeroespacial Airbus foram absolvidas pela Justiça da França, nesta segunda-feira (17), após serem julgadas pelo acidente no voo AF 447 Rio-Paris, que vitimou 228 pessoas, em 2009. As empresas respondiam por homicídio doloso.
Para tomar a decisão, o tribunal de Paris considerou que, apesar das acusadas terem cometido “falhas”, não foi possível comprovar que elas tiveram alguma “relação de causalidade” com o incidente.
Meses antes, o Ministério Público francês já havia solicitado que as empresas fossem absolvidas, alegando ser “impossível demonstrar” sua culpabilidade.
A requisição, no entanto, foi rejeitada pelas partes civis, sob a argumentação de que a solicitação acusa, exclusivamente, os pilotos, e favorece as duas multinacionais, conforme relatado por Danièle Lamy, representante das vítimas e presidente da associação 'Entraide et Solidarité AF447' (Cooperação e Solidariedade AF447).
Ao longo do julgamento, tanto a Air France quanto a Airbus defenderam-se afirmando não terem cometido nenhum crime, e pedindo a absolvição.
NEGLIGÊNCIA
Apesar do veredito, o tribunal parisiense ainda considerou que a Airbus cometeu "quatro imprudências ou negligências" por “reter informações”, e por não ter substituído os modelos de sondas Pitot “AA”, que causaram o acidente ao congelar durante o voo, nos aviões A330 e A340.
De acordo com investigações, os equipamentos pareciam congelar com maior frequência, e sondas similares já haviam causado outros incidentes nos meses anteriores à tragédia.
ACIDENTE
O voo AF 447 caiu no Oceano Atlântico em junho de 2009, enquanto viajava do Rio de Janeiro para Paris. Na tragédia, 216 passageiros, incluindo 58 brasileiros, e 12 tripulantes tiveram as vidas ceifadas.
Considerado o acidente mais letal da história da aviação francesa, o incidente foi causado pelo congelamento das sondas de velocidade, no momento em que a aeronave sobrevoava a Zona de Convergência Intertropical, área caracterizada pelas condições meteorológicas adversas.