Grupo de turistas é resgatado pelos Bombeiros em SP após expedição liderada por coach

Coach diminuiu a gravidade do episódio em comentários nas redes sociais

Um coach foi criticado após uma "expedição" malsucedida em Piquete (SP). Isso porque a viagem deu início a uma operação de nove horas para resgate de 32 pessoas pelo Corpo de Bombeiros. Não houve feridos na ação.

De acordo com o portal g1, a ação dos militares ocorreu na quarta-feira (5), a partir das 4h30. O grupo foi resgatado às 13h40, após chuva e ventos fortes.

O capitão do Corpo de Bombeiros paulista, Paulo Roberto Reis, classificou o coach, chamado Pablo Marçal, como "totalmente irresponsável". "Subir com um grupo de pessoas despreparadas e sem equipamento é colocá-las sob risco de morte. Essa foi a pior ação que a gente viu no Pico dos Marins", destacou o bombeiro à publicação.

A empreitada

Com 2 milhões de seguidores no Instagram, Marçal subiu ao Pico dos Martins, um dos mais altos do estado de São Paulo, com cerca de 60 pessoas na última quarta.

Com 2,4 mil metros de altitude, o local tem trilha difícil, além de histórico de mortes e pessoas perdidas. A empreitada ocorreu fora da época recomendada e sem os equipamentos necessários. O tempo de subida é longo — os percursos de ida e volta variam entre sete e oito horas, considerando uma hora de visitação no pico.

A promessa era de que, ao fim da escalada, os desbravadores obtivessem "códigos que destravassem a mente". Na rede social, o coach ainda compartilhou vídeos nos quais as pessoas relatavam cansaço, frio e vontade de desistir da "expedição".

Em resposta, Pablo Marçal insistia que a situação era uma "chance de crescimento" e que era preciso "vencer os medos". No entanto, parte do grupo desistiu, e apenas 32 pessoas seguiram subindo. Os persistentes, porém, tiveram de ser resgatados pelos bombeiros.

Ação de risco

Conforme o Corpo de Bombeiros, a ação foi arriscada para os participantes e para as equipes de resgate. A chuva que caiu sibre a região deixou a pedra escorregadia e dificultou a visibilidade da área.

Depois do resgate, o coach alegou em rede social que os agentes atuaram por precaução, mas a versão foi contestada pela Corporação.

“O Corpo de Bombeiros não faz trabalho de precaução, somos um órgão público que atende emergência. Recebemos um chamado para mais de 30 pessoas perdidas, sem equipamentos, debaixo de chuva e pedindo apoio de resgate no Pico dos Marins. Foi isso foi o que o Bombeiro foi atender. E evitamos uma tragédia”, disse o capitão do Corpo de Bombeiros.

Já o bombeiro o Pedro Aihara, que já atuou em resgates como no desastre de Brumadinho (MG), criticou Marçal, denotando-o como um "fanfarrão" — segundo o agente, o grupo, na verdade, não conseguiu descer sem a ajuda das equipes.

"Falar depois que o resgate foi concluído e que toda uma equipe foi empenhada na operação que ligaram 193 'por preocupação' é muito fácil", ironizou. "Quero ver na hora em que estão no meio do aperto lá".

Versão do coach

O g1 chegou a contatar Pablo Marçal para tratar do assunto, mas não obteve resposta. O coach, entretanto, fez transmissão nas redes sociais minimizando a ocorrência.

"Algumas pessoas não suportam quem corre risco. Se você não corre risco, dificilmente você vai chegar no topo. Nossa subida na montanha, a gente correu muito risco. E aí alguém fala: 'mas para que correr risco?'. Você que não quer correr risco, fica na sua casa assistindo os Stories", defendeu. 

Em seguida, o líder da caminhada se destituiu de qualquer comprometimento com a tarefa. "Eu não mandei ninguém subir, eu fui na frente. Fui lá, subi e resolvi. Cada um subiu na sua responsabilidade".

Ponto turístico

Quarto maior de São Paulo, o Pico dos Martins é muito procurado pelos praticantes de montanhismo. A atividade é recomendada no período entre abril e agosto, mais seco.

A orientação do Corpo de Bombeiros é de que pessoas não adentrem o local sem supervisão de guia profissional e equipamentos de comunicação, aquecimento e alimentação. Além disso, é necessário que os turistas tenham bom condicionamento físico.