O Centro de Ensino Médio 09 (CEM 9), de Ceilândia, no Distrito Federal, afirmou que investiga o caso de um estudante que "presenteou" uma professora negra, no Dia da Mulher, com uma esponja de aço. A história repercutiu nessa segunda-feira (13), após o vídeo da entrega ser publicado nas redes sociais por estudantes da unidade.
De acordo com o Metrópoles, a diretora da escola, Maria José Ferreira dos Passos, garantiu que a instituição não admite "qualquer tipo de preconceito ou racismo" e que a situação será resolvida internamente.
"A escola irá tomar todas as providências cabíveis no regimento das escolas públicas. Estamos lidando com o problema com todos os cuidados pertinentes aos jovens e à sala de aula em si", disse a gestora. Além disso, Maria José comentou que a professora ainda deve se pronunciar sobre o caso.
Investigação
O caso é investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA 2), em Taguatinga. Ainda serão ouvidos a vítima, o adolescente e testemunhas.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que tomou conhecimento da história após a repercussão do vídeo nas redes sociais. Flávio Messina, delegado-chefe adjunto da unidade, garantiu que o fato de a vítima não ter buscado ainda a delegacia não impede a instauração do procedimento, uma vez que se trata de um ato infracional de injúria racial.
O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) também acompanha a situação e deve se reunir com a diretora da instituição nesta quarta-feira (15). "É lamentável um episódio como esse. Precisa ser apurado no rigor da lei", afirmou o vice-diretor do órgão, Samuel Fernandes.
O caso
O estudante entregou o pacote para a professora de Português enquanto era filmado por outros colegas, que estavam aos risos enquanto a profissional demonstrava constrangimento. Outros alunos, porém, se incomodaram com o episódio, e relataram que a entrega da esponja era uma atitude conscientemente machista e racista.
"Vou aceitar, porque tudo o que vem, volta", chegou a dizer a professora. "Algumas pessoas viram ela chorando depois", confidenciou ao Metrópoles um estudante do CEM 9.
Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal disse que a direção da escola tem autonomia para conduzir o caso. A pasta admitiu ter recebido a denúncia e garantiu que iria se reunir com o estudante e com a professora. "A pasta ressalta, ainda, que repudia qualquer tipo de preconceito e reforça o compromisso e empenho na busca por elementos que permitam o esclarecimento dos fatos, bem como o suporte aos envolvidos", conclui o comunicado.
Racismo e misoginia
O estudante que relatou a situação ao Metrópoles informou ainda que o aluno que entregou a esponja chegou a brigar com outras pessoas que criticaram sua atitude. "Ele começou a quebrar o pau, xingou todo mundo e chamou de 'beta' nojento", relatou.
Nos grupos machistas, o termo "beta" indica "homem fraco e inseguro", que seria submisso à mulher. "Alunas mulheres e negras ficaram muito ofendidas com aquilo. Quando eu e minha namorada soubemos, denunciamos para a direção", garantiu o aluno, uma das testemunhas.
Em áudio enviado a grupos de WhatsApp, o estudante que deu a esponja de aço para a professora ameaçou repetir a atitude com outras meninas. "Não me testa, que eu vou te dar um ‘bombril’. Não me testa. Se você apelar, vai ficar ruim para 'tu'".