A análise do material gástrico do estudante Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos, indicou substâncias que sugerem o uso de chumbinho, segundo informações do jornal O Globo, que teve acesso ao laudo do Instituto Médico-Legal (IML). A madrasta do adolescente, Cíntia Mariano Dias Cabral, está presa temporariamente por tentativa de homicídio contra ele.
O documento comprovou haver “quatro grânulos esféricos diminutos, de tamanhos variados, de coloração variando entre azul escuro e preto”, o que “pode sugerir a ingestão de um produto comercializado clandestinamente como raticida, popularmente conhecido como chumbinho”.
O laudo de exame de pesquisa indeterminada de substância tóxica em amostra biológica, no entanto, não detectou a presença de inseticidas ou outras substâncias tóxicas no material analisado. “Mesmo com a presença de grânulos, um resultado negativo é possível devido a fatores como: tempo decorrido entre a ingestão do produto e a coleta do material para exame, dose utilizada e intervenções hospitalares realizadas, como a gástrica”, atesta o documento, assinado pela perita Aline Machado Pereira.
A perita Denise Rivera, assessora técnica da Secretaria de Polícia Civil, explica que apesar de terem sido realizados todos os testes possíveis, não se chegou a detecção do chumbinho pelo fato de a substância se deteriorar rapidamente no organismo. Ela explica que os grânulos encontrados no estômago de Bruno, no entanto, são suficientes para atestar se tratarem desse tipo de envenenamento, tanto pelas características, como também pela análise dos sintomas descritos no prontuário médico do rapaz.
Cíntia é suspeita de ter envenenado feijão com a substância tóxica e o servido durante um almoço, no último dia 15 de maio, na casa em que a família morava, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. Ela foi detida temporariamente, no dia 20 de maio, após Bruno dar entrada em um hospital municipal passando mal após ingerir a comida. Na ocasião, o jovem levantou a possibilidade de ter sido intoxicado pela madrasta à mãe e sobreviveu.
Em 28 de março, a irmã do adolescente, a estudante Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, morreu na mesma unidade de saúde, onde o rapaz foi encaminhado, após ingerir outra refeição preparada pela suspeita. Inicialmente, o caso foi tratado como causa natural, mas agora o suposto homicídio da jovem está sendo apurado em outro inquérito policial. O corpo dela foi exumado.
Suspeita ofereceu comida à mãe das vítimas
A mãe das vítimas, Jane Carvalho, acredita que também era um dos alvos da mulher, conforme o jornal. Ela revelou que Cíntia Mariano frequentemente lhe oferecia alguma refeição.
"Toda vez que ela me oferecia comida eu sentia uma energia ruim, então sempre falava não, desculpe, obrigada. Sentia que havia algo errado nessa solidariedade em insistir muito para eu comer", contou ao Extra.
Assassinato de ex-namorado
Cíntia também é investigada ainda por envenenar o então namorado, o dentista Pedro Jose Bello Gomes, de 64 anos, no dia 29 de setembro de 2018. Ela e o parceiro estavam na varanda do apartamento na esquina do Recreio dos Bandeirantes, no Rio, quando ele passou mal. O homem chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
A morte dele foi lavrada no 14º Registro Civil de Pessoas Naturais por acidente vascular cerebral hemorrágico e de hipertensão arterial sistêmica. No entanto, a Polícia Civil do Rio suspeita que ele possa ter sido envenenado pela companheira. Ele apresentou os mesmo sintomas que os enteados da suspeita: língua enrolada, baba excessiva e palidez.
Querosene à criança de 6 anos
O filho da autônoma informou ainda à Polícia Civil, que a mãe pode ter envenenado com querosene uma criança de seis anos. A vítima era meia-irmã dele por parte de pai.
O caso ocorreu há 20 anos, muito antes de a mulher ser presa por suspeita de colocar chumbinho no feijão de dois enteados.
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