Centro de investigação está com áudios e informações das caixas-pretas de avião que caiu em Vinhedo

As informações devem conter diálogos e dados técnicos da aeronave no momento do acidente que matou 62 pessoas

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou na manhã deste domingo (11) que todo o conteúdo das duas caixas-pretas encontradas após a queda do avião em Vinhedo, em São Paulo, foi extraído. O acidente aéreo aconteceu na sexta-feira (9), quando causou a morte de 62 pessoas.

Os detalhes da análise do Cenipe foram repassados pelo brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Centro de Investigação, ao portal g1 e à TV Globo.

"Os dados foram obtidos, validados, e agora aguardamos a linha de investigação de nossos investigadores, que ainda se encontram aqui comigo, regressarem a Brasília para a gente começar a trabalhar na transformação desse número enorme de dados para a informação útil para a sociedade", explicou.

Além disso, os dois motores do avião serão submetidos à análise de potência relativa ao momento da queda. Um relatório preliminar da investigação vai ser apresentado em 30 dias, de acordo com o chefe do Cenipe.

Os dados dos dois gravadores de voo são muito relevantes para entender os detalhes do acidente. Um dos aparelhos grava áudio e o outro registra informações como a altitude e a velocidade durante o voo. Confira:

  • Cockpit Voice Recorder (CVR): aparelho que salva as conversas entre piloto e co-piloto, além do diálogo com os comissários de bordo e com o controle de tráfego aéreo.
  • Flight data recorde (FDR): o dispositivo armazena informações e parâmetros da aeronave, como altitude, velocidade, posição das manetes, botões acionados, bem como outros detalhes técnicos.

A análise de ambas as caixas-pretas pode explicar os motivos que levaram o avião a cair. A Força Aérea Brasileira (FAB) considera o Cenipa como referência internacional nesse tipo de investigação.

Investigação por franceses e canadenses

O Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil da França (Bureau d'Enquêtes et d'Analyses pour la Sécurité de l'Aviation Civile, BEA, em francês) enviou três representantes ao Brasil, neste domingo (11).

As autoridades brasileiras acionaram o Escritório para contribuir com as investigações porque o modelo ATR-72 foi desenvolvido na França.

O Cenipa informou que também são esperados membros do Conselho de Segurança nos Transportes do Canadá (Transportation Safety Board, TSB, em inglês), já que os motores da aeronave foram fabricados no país.

Tanto o BEA quanto o TBS semelhantes ao brasileiro Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticios. Investigadores dos três países vão trabalhar em conjunto para encontrar as causas do acidente.

"Seguindo o protocolo internacional, do qual o Brasil é signatário, nós temos por dever convidar o país responsável pelo projeto e fabricação da aeronave", ressaltou Marcelo Moreno.