Anestesista preso por estuprar paciente em parto começa ser a julgado: 'dor eterna', diz vítima

Giovanni Quintella Bezerra foi detido em flagrante pelo crime há cinco meses

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, preso em flagrante há cerca de cinco meses por estuprar mulher sedada após dar à luz em um hospital na Capital do Rio de Janeiro, começa a ser julgado nesta segunda-feira (12). O crime foi gravado por funcionários da unidade de saúde, que observaram atitudes suspeitas do profissional, e o vídeo foi enviado a Polícia.  

A audiência de instrução será dividida em vários dias, e a decisão deve sair em até dois meses, conforme informações do Jornal do Commercio. O processo corre em segredo de Justiça, logo não será aberto ao público ou à imprensa. 

Dose de sedativo acima do usual

Segundo o laudo médico da vítima, no dia 10 de julho deste ano, o suspeito aplicou uma dose sete vezes maior que a necessária na moça. Os peritos apontaram que a quantidade ultrapassa a usada normalmente durante cesárias. 

Outro detalhe, divulgado pelo Fantástico, é que o homem desligou aparelhos de monitoramento de sinais vitais da paciente. A suspeita é que ele tenha desativado o equipamento para evitar que outros colegas notassem a obstrução das vias aéreas da vítima provocada pelo pênis do anestesista, enquanto ela estava sedada e desacordada. 

O relatório da perícia divulgado pelo programa aponta que no momento em que a mulher foi submetida a uma laqueadura — procedimento de esterilização feminina — após dar à luz, um alarme sonoro foi disparado, indicando uma queda da saturação de oxigênio da paciente. Logo em seguida, o som foi desativado por Giovanni.

“Além de sedá-la e não ofertar (...) máscara de oxigênio (...) ele ainda introduz o pênis, obstruindo total ou parcialmente sua via aérea", afirmou a perícia.

As imagens do momento ainda mostram o anestesiologista testando o reflexo ciliar da vítima, colocando as mãos sobre os seus olhos. O rito é feito em anestesias gerais para identificar se a paciente está inconsciente.

Após o caso chegar às autoridades policiais, Giovanni Quintella Bezerra foi preso, mas teve a pena convertida em preventiva após audiência de custódia.

'É uma dor eterna'

Após cinco meses do episódio, a vítima relatou, ao portal Uol, que Giovanni "destruiu" tudo que ela planejou. Segundo a moça, que teve a identidade preservada, o abuso aconteceu após o nascimento do filho, quando o marido deixou a sala de cirurgia com o bebê e a paciente permaneceu no local para realizar uma laqueadura. 

À publicação, ela relatou que acordou do parto desesperada, tentando abrir os olhos. "Queria falar que tinha algo na minha boca, queria cuspir, mas não conseguira, então engoli achando que era alguma coisa minha". 

"Sentia muita dor. Perguntei para o anestesista o que estava acontecendo, e ele só respondeu que eu estava enjoada. Mas sabia que estava acontecendo alguma coisa, porque vi duas enfermeiras se abraçando e chorando", relembrou. 

A vítima soube que foi abusada somente dois dias após o crime. "Ele marcou a minha vida, a vida do meu filho, a do meu esposo. É uma dor eterna. Graças a Deus não rejeitei meu filho. Olho para ele e sinto aquela dor, mas o que me conforta é saber que ele está bem e que não aconteceu o pior comigo".

Por ter tido contato com o esperma do médico, a jovem teve que tomar o coquetel anti-HIV, o que impossibilitou que ela amamentasse o próprio filho por cerca de um mês. "Foi horrível", detalhou.

"Toda vez que meu filho completa mais um mês de vida, fico feliz e ao mesmo tempo me lembro de tudo. Quando ele fizer aniversário, isso certamente virá na minha cabeça. Mas não queremos contar para ele o que aconteceu porque achamos que, se ele souber, pode se sentir culpado", desabafou em entrevista ao Uol.

"Espero que ele fique bastante tempo preso para não ter a oportunidade de fazer de novo", finalizou.