A mulher que se apresentava como “Mãe Valéria de Oxóssi”, Rosa Stanesco Nicolau, chegou a mandar a namorada, Sabine Boghici, matar a própria mãe, viúva de um grande colecionador de arte. Nesta quarta-feira (10), as duas foram presas por um golpe de mais de R$ 724 milhões contra a idosa, de 82 anos.
Em entrevista ao Encontro com Patrícia Poeta desta quinta-feira (11), o titular da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade, delegado Gilberto Ribeiro, citou uma conversa por telefone entre a filha da vítima e a namorada. “Mata essa velha!”, ordenou Rosa mais de uma vez, enquanto Sabine mantinha uma faca no pescoço da mãe.
“Em ligação de áudio, Valéria de Oxóssi mandava [Sabine] matar a mãe, dizendo que ia ficar com tudo, e que aquilo tudo ia ser delas”, afirmou o delegado. Segundo ele, a idosa sofreu vários tipos de violência.
Defesa se pronuncia
A defesa dos presos disse à TV Globo que Sabine tem direito a 25% de todo o patrimônio do espólio do pai e que provará que “Sabine recebeu as obras pacificamente da mãe”. Sobre os outros presos, os advogados disseram que ainda precisam analisar o teor das investigações.
Sabine também é acusada de isolar a mãe de amigos e funcionários e deixá-la sem alimentação. As informações foram confirmadas por investigações da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti).
O crime
Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, no início de 2020, a filha da vítima elaborou um plano para roubar a mãe. Primeiro, ela contratou uma mulher para se passar por vidente e abordar a vítima na rua e alertá-la sobre a morte iminente da suspeita.
Em seguida, a suposta profeta levou a idosa até outras duas comparsas, apresentadas como sendo cartomante e mãe de santo. Na ocasião, a dupla confirmou a previsão e sugeriram que fosse realizado um "trabalho" para salvar a filha dela. Elas informaram que seria necessário pagar pelo serviço.
A vítima ficou assustada e decidiu contar o acontecido para a filha, que fingiu surpresa e insistiu que a mãe pagasse pelo procedimento. Em um intervalo de 15 dias, a idosa efetuou diversos pagamentos, que somaram R$ 5 milhões.
No início do suposto tratamento, a filha passou a isolar a mãe em casa, dispensando os funcionários do local. Em fevereiro, a vítima começou a desconfiar da relação entre a herdeira e as videntes e parou de realizar os repasses. Com o fim dos pagamentos, a mulher passou a agredir e ameaçar a própria mãe.
"As únicas visitas à residência eram feitas por comparsas, que passaram também a ameaçar a idosa, que voltou a realizar as transferências", diz a nota da Polícia.
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