Manifestantes invadem aeroporto na Rússia após chegada de voo de Israel; 60 são detidos

Nove policiais ficaram feridos e dois foram hospitalizados durante os protestos anti-israelenses

Escrito por Diário do Nordeste/AFP ,
Aeroporto
Legenda: Multidão invade aeroporto de Makhachkala em busca de passageiros israelenses de um voo procedente de Israel
Foto: Telegram / @askrasul / AFP

Sessenta pessoas foram detidas em um aeroporto de Makhachkala, capital da república russa do Daguestão, de maioria muçulmana, depois que dezenas de manifestantes invadiram o local em busca de passageiros israelenses de um voo procedente de Israel, informou a polícia nesta segunda-feira (30).

A multidão invadiu o aeroporto no domingo (29) em um momento de grande tensão provocada pelos conflitos na Faixa de Gaza.

Durante a operação para retirar o grupo do aeroporto, nove policiais ficaram feridos e dois foram hospitalizados, informou o Ministério do Interior da Rússia. "Mais de 150 participantes ativos nos distúrbios foram identificados e 60 foram detidos", afirma um comunicado divulgado pelo ministério. "O aeroporto está sob controle das forças de segurança", acrescenta a nota. 

Busca por passageiros

Vídeos publicados nas redes sociais e na imprensa russa mostram um grupo de pessoas inspecionando os veículos que deixavam o aeroporto, derrubando portas no terminal e cercando um avião na pista.

O site Flightradar informou que um voo da companhia Red Wings procedente de Tel Aviv pousou em Makhachkala às 19h (13h de Brasília).

O site independente russo Sota informou que era um voo de trânsito, que decolaria em direção a Moscou duas horas mais tarde. As autoridades locais não informaram se o voo e os passageiros conseguiram seguir viagem.

A agência de aviação russa anunciou que o aeroporto permanecerá fechado até a manhã de terça-feira (31) e não até 6 de novembro, como havia sido informado no domingo.

Em um dos vídeos, um dos manifestantes exibia um cartaz que dizia "os assassinos de crianças não têm lugar no Daguestão".

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Daguestão acusa Ucrânia

Serguei Melikov, presidente do Daguestão, uma república do Cáucaso russo, afirmou nesta segunda-feira que os distúrbios foram organizados em território ucraniano, em pleno conflito armado entre Kiev e Moscou.

"Os iniciadores desta ação são evidentemente nossos inimigos, os que a organizaram no território ucraniano", disse Melikov, segundo a agência Ria-Novosti.

Melikov acusou em particular um canal de Telegram crítico às autoridades locais, "Utro Daguestão", liderado por "traidores" da Ucrânia. O canal, que tem quase 60 mil seguidores, divulgou uma convocação para o protesto no aeroporto.

Durante os incidentes, Israel pediu à Rússia para proteger "todos os cidadãos israelenses e todos os judeus".

O governo dos Estados Unidos condenou as "manifestações antissemitas" no Daguestão, afirmou Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Horas antes do incidente, Akhmed Dudayev, ministro da Informação da Chechênia, república russa vizinha ao Daguestão, advertiu pelo Telegram contra as "provocações" e fez um apelo à calma diante do aumento das tensões no Cáucaso.

Chechênia e Daguestão são duas repúblicas instáveis do Cáucaso russo, ambas com população majoritariamente muçulmana.

A agência de notícias RIA Novosti reportou no domingo que um centro judaico foi incendiado em Nalchik, a capital de Kabardia-Balkaria, outra república do Cáucaso Norte.

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