Veja o que se sabe sobre o caso da brasileira vítima de estupro coletivo na Índia

Três suspeitos do crime foram detidos ainda no sábado, e a Polícia procura outros envolvidos

Uma turista brasileira, que também tem cidadania espanhola, foi vítima de estupro coletivo no leste da Índia, por onde viajava de motocicleta com o marido espanhol, com quem mantém nas redes sociais um canal de viagens.

A denúncia foi feita no sábado (2), logo após o ocorrido. Mas, como os agentes sabiam falar apenas hindi, língua local, as autoridades só souberam que era um estupro quando o casal chegou ao hospital.

Fernanda Santos e o marido, Vicente Barberam, que passaram a primeira noite após o episódio sob tratamento médico, foram transferidos para uma unidade do governo e já prestaram depoimento a um juiz. Três suspeitos do crime foram detidos ainda no sábado, e a polícia procura outros envolvidos.

Em nota, a embaixada brasileira declarou que "seguirá à disposição para prestar toda a assistência cabível e acompanhar todos os desdobramentos do caso, em estreita coordenação com as autoridades espanholas e indianas".

Em vídeo publicado nesse domingo (3), no canal de viagens do casal, Vicente agradeceu o apoio recebido e diz acreditar no trabalho da polícia. Ambos ainda dizem que o crime não pode ser associado à Índia, "que oferece experiências incríveis para quem a visita".

"Não pense que a Índia é assim, porque não é verdade", disse ele. "Os indianos são boas pessoas. Encontramos alguns indesejáveis, mas não podemos generalizar", acrescentou Fernanda.

Como foi a ação criminosa

A violência sexual ocorreu na noite de sexta-feira (1º), no distrito de Dumka, Estado de Jharkhand, onde o casal, que seguia para o Nepal, parou para acampar. Eles haviam montado a tenda para passar a noite em uma área remota quando foram atacados. A polícia acredita na participação de até dez pessoas. Os viajantes também foram roubados, e Vicente relata ter sido ameaçado com uma faca no pescoço.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Vicente e Fernanda fizeram relatos do caso. Com hematomas no rosto, eles contaram que foram espancados e roubados, e a mulher, violentada. Após a publicação, porém, o vídeo foi retirado do perfil de viagens do casal.

Violência

Em relato, o marido de Fernanda disse que os criminosos colocaram uma faca no seu pescoço e o agrediram durante o ataque, que terminou com a agressão sexual a ela. "Me bateram várias vezes com um capacete e atingiram minha cabeça com uma pedra."

No perfil próprio, Fernanda também publicou um vídeo, mostrando os ferimentos e falando sobre o ocorrido. "O meu rosto está assim, mas não é isso que me dói mais. Pensei que íamos morrer, mas graças a Deus estamos vivos", disse ela, mostrando o rosto bastante machucado.

Indenização e prisões

Nesta segunda-feira (4), a brasileira e o marido receberam um cheque no valor de um milhão de rúpias (cerca de R$ 60 mil) como indenização. 

"Estamos realizando investigação exaustiva e tentaremos garantir um julgamento rápido e uma condenação", disse Anjaneyulu Dodde, comissário-adjunto do distrito de Dumka, no Estado de Jharkhand, onde ocorreu o ataque.

Segundo a polícia, os detidos admitiram o crime, mas não foram divulgados mais detalhes pelas autoridades.

Perfil nas redes sociais

O casal de influenciadores é conhecido pelo perfil @vueltaalmundoenmoto, no qual relata as viagens feitas de motocicleta ao redor do mundo, detalhando as estradas, os acampamentos, além da cultura dos locais visitados.

No perfil da rede social Instagram, que reúne mais de 250 mil seguidores, são descritas viagens, sendo a mais recente para a Índia. Das 196 nações que enumeraram pretender visitar, eles já estiveram em pelo menos 66.

Os dois viajantes pretendem deixar a Índia na terça-feira (5) e viajar ao Nepal, de onde voarão para a Espanha.

Estupros na Índia

Na Índia, a lei estabelece penas severas para estupro, que na maioria dos casos não permitem fiança. Um estupro, de acordo com o código penal indiano, deve ser punido com no mínimo 10 anos de prisão, e um estupro coletivo com até prisão perpétua.

Em 2022, a Índia teve uma média de 90 estupros diários, segundo o escritório nacional de registros criminais. No entanto, muitos destes ataques não são denunciados, por causa do estigma que as vítimas costumam sofrer e a falta de confiança no trabalho da polícia.

Grande parte dos casos também fica parada na Justiça e não tem condenação.