Ucrânia recupera controle de Kiev após Rússia se retirar das regiões próximas à capital

Governo ucraniano especula que Rússia busca redistribuir os soldados no leste e o sul do país invadido

A Ucrânia recuperou o controle de Kiev após as forças armadas russas se retirarem das regiões próximas à capital do país neste sábado (2). De acordo com a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Maliar, também foram "libertadas do invasor" as cidades de Irpin, Bucha e Gostomel. 

O conflito no leste europeu teve início em 24 de fevereiro e já chegou ao seu 38º dia. Em decorrência da guerra, a Ucrânia já registra mais de quatro milhões de refugiados, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Na região norte do país invadido, a Rússia retirou suas tropas após várias semanas de bombardeios e combates. Após saída, foram registradas cenas violentas, como de 20 cadáveres deixados em uma rua de Bucha, perto de Kiev.

Já em Bucha, quase 300 pessoas no total tiveram que ser enterradas "em valas comuns", apontou o prefeito da cidade, Anatoly Fedorouk.

"Em Bucha, já enterramos 280 pessoas em valas comuns", detalhou, porque não era possível fazer nos três cemitérios do município. Segundo Fedorouk, todos estão ao alcance dos soldados russos.

'Rápida retirada' russa

O conselheiro da presidência ucraniana, Mykhailo Podoliak, especulou que o objetivo desta "rápida retirada" das tropas russas das regiões de Kiev e Cherniguiv, no norte da Ucrânia, visaria uma redistribuição desses soldados no leste e o sul.

"Com a rápida retirada dos russos de Kiev e Chernihiv está bastante claro que a Rússia escolheu outra tática prioritária: retirar-se para o leste e sul, manter o controle de vastos territórios ocupados e conquistar um poderoso ponto de apoio na área".
Mykhailo Podoliak
Conselheiro ucraniano

"Certamente não poderemos evitar usar armas pesadas se queremos liberar o leste e Kherson (sul) e empurrar os russos para o mais longe possível", destacou.

Reconquista de Irpin

Em Irpin, a reconquista também foi declarada. Segundo informou seu prefeito, Oleksandre Markuchin, na última quarta-feira (30), pelo menos 200 dos habitantes da pequena cidade ao noroeste da capital foram mortos desde o início da invasão russa.

Há quase um mês, a cidade estava inacessível à imprensa. Agora, as operações de remoção de minas realizam trabalho para tornar a região segura.

Os serviços de emergência apontaram que pelo menos 643 artefatos explosivos foram desativados na localidade desde que os ucranianos voltaram a ter controle da cidade.