O chanceler russo, Serguei Lavrov, foi alvo de um boicote nesta terça-feira (1º) no momento em que o seu discurso gravado era exibido na Conferência de Desarmamento da ONU, em Genebra. Embaixadores, ministros e diplomatas, incluindo os da Ucrânia, se levantaram e deixaram a sala praticamente vazia. O Brasil, no entanto, permaneceu no espaço e não participou da intervenção.
A delegação da Alemanda informou que ao menos 140 representantes de países abandonaram a reunião quando o enviado do presidente Vladimir Putin tomou a palavra. A sala onde acontecia o evento global tem capacidade para 180 pessoas.
Além do Brasil, seguiram na sala líderes da Venezuela, Iêmen, Argélia, Síria e Tunísia. Fora da sala, o boicote foi aplaudido.
"É importante mostrar um gesto de solidariedade a nossos amigos ucranianos", declarou Yann Hwang, embaixador francês na Conferência de Desarmamento.
Serguei Lavrov viajaria à Genebra, mas a visita precisou ser cancelada por causa das "sanções antirrussas" que proíbem aviões do país de sobrevoar o espaço da União Europeia.
Brasil 'neutro'
No último domingo (27), o presidente Jair Bolsonaro (PL) já havia adiantado que o Brasil adotaria um posicionamento neutro sobre o conflito armado na Ucrânia. O mandatário justificou que essa posição seria para não "trazer as consequências do embate para o país".
Questionado sobre a invasão russa em Kiev, a capital ucraniana, Bolsonaro disse acreditar que é um "exagero" falar em massacre.
"Estive há pouco conversando com o presidente Putin. Mais de duas horas de conversa. Tratamos de muita coisa. A questão dos fertilizantes foi uma das mais importantes, tratamos do nosso comércio, e obviamente ele falou alguma coisa sobre a Ucrânia, que eu me reservo como segredo de não entrar em detalhes da forma como vocês gostariam", declarou.