Há 22 anos, o dia 11 de setembro entrou para a história do mundo após série de ataques terroristas aos Estados Unidos realizada pela organização fundamentalista islâmica Al-Qaeda. Naquele dia, em 2001, 19 homens sequestraram quatro aeronaves e as lançaram contra diversos alvos, provocando a morte de quase 3 mil pessoas e deixando mais de 6 mil feridos.
Após duas décadas da tragédia, 40% das vítimas seguem não identificadas. Em 2021, duas pessoas que faleceram em um dos episódios violentos foram identificadas por meio de testes de DNA, elevando o número de vítimas cuja identidade foi apurada para 1.647.
No total, 2.996 cidadãos foram assassinados nos ataques de 11 de setembro, incluindo os 19 sequestradores a bordo dos quatro aviões. Indivíduos de 78 nacionalidades morreram em Nova York, Washington e Pensilvânia naquela data.
O QUE ACONTECEU EM 11 DE SETEMBRO NOS EUA?
Na manhã daquela terça-feira, 11 de setembro de 2001, residentes e visitantes de Nova York aproveitavam o céu limpo e ensolarado do verão.
No entanto, pouco antes das 8h do horário local (9h no horário de Brasília), 19 jihadistas — termo usado por acadêmicos ocidentais para se referir aos muçulmanos sunitas violentos —, a maioria da Arábia Saudita, embarcaram em quatro aeronaves nos aeroportos de Boston, Washington e Newark. Todos estavam armados com facas, que, na época, eram permitidas em voos, desde que a lâmina fosse menor que 10 centímetros.
Enquanto isso, no Sul de Manhattan, centenas de trabalhadores iniciavam o expediente nas salas do World Trade Center (WTC), em Wall Street. O complexo empresarial tinha área superior a nove campos de futebol e era formado por sete edifícios, uma grande praça e um shopping subterrâneo. No centro comercial estavam localizados os edifícios mais altos da cidade, conhecidos como Torres Gêmeas, com aproximadamente 115 metros de altura cada.
Primeiro ataque
Às 8h46 do horário local, o voo 11 da American Airlines, sequestrado por cinco terroristas, se chocou entre os andares 93 e 96 da Torre Norte. A aeronave decolara de Boston com destino a Los Angeles, mas foi desviado do trajeto até o complexo comercial em Nova York.
No avião havia 87 passageiros e tripulantes, que morreram na hora, assim como centenas das 50 mil pessoas que trabalhavam no prédio. Muitos ficaram presos no 91º andar, sem acesso às escadas de emergência.
“[Ninguém] viu nada, nem sentiu nada, só a luz falhou", contou à AFP, quase 20 anos depois, o especialista em seguros Joseph Dittmar, que estava em uma reunião no 105º andar da Torre Sul, que ficava na frente do edifício atingido. Ele relatou que após um chamado para evacuar o local, todos desceram ao 90º andar e, ao olhar pela janela, ficaram assustados.
"Vimos móveis, papéis, gente que se atirou no vazio. Coisas assustadoras, terríveis. Senti muito medo", lembrou, entre lágrimas. Ele decidiu evacuar o prédio pela escada, uma decisão que salvou sua vida. Estima-se que entre 50 e 200 pessoas tenham pulado ou caído das duas torres.
Enquanto isso, na Flórida, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, visitava uma escola de ensino fundamental de Sarasota. Após o primeiro impacto, ele foi avisado sobre o que se assumiu inicialmente como um acidente.
Segundo ataque
Dezessete minutos após o primeiro avião, o voo 175 da United Airlines foi lançado contra os andares 77 e 85 da Torre Sul. Nele, havia 60 passageiros e tripulantes que decolaram de Boston com destino a Los Angeles, mas o voo também foi desviado.
Informado sobre o segundo ataque, Bush qualificou os atentados como "tragédia nacional".
Ataque ao Pentágono
Enquanto os edifícios queimavam em Nova York, o voo 77 da American Airlines colidiu contra a sede do Departamento de Defesa dos EUA, o Pentágono, localizado na capital, Washington, causando a morte de 59 pessoas que estavam a bordo do veículo, além de 125 militares e civis no prédio.
Queda das Torres e da quarta aeronave
Cerca de 56 minutos após ser atingida, a Torre Sul desabou. Logo em seguida, o voo 93 da United Airlines, que decolou de Newark, Nova Jersey, com destino a San Francisco, foi derrubado pelos sequestradores em um campo no condado de Somerset, na Pensilvânia, causando a morte de todos a bordo.
A manobra foi uma resposta dos terroristas à tentativa de retomada de controle da aeronave realizada por passageiros e membros da tripulação, alertados por familiares e amigos sobre os ataques. Especialistas acreditam que o avião estava em direção ao Capitólio, sede do poder Legislativo federal do País.
Quase duas horas depois do impacto inicial, a Torre Norte veio ao chão após ser consumida pelo fogo.
O que motivou o 11 de setembro nos EUA?
Os sequestradores eram supostamente financiados pela organização islâmica Al-Qaeda, chefiada na época pelo saudita Osama bin Laden, morto em maio de 2011 pelos EUA. O grupo tem o objetivo de derrubar governos no Oriente Médio e em outras partes do mundo muçulmano que não seguem uma ordem política e social baseada no Islã.
Os ataques de 11 de setembro tinham o intuito de reduzir o apoio americano a muitos desses governos. O suporte dos Estados Unidos a essas nações foi interpretado pela Al-Qaeda como um obstáculo à criação de uma ordem global sob a autoridade islâmica.
Os alvos atacados foram escolhidos pela organização devido ao simbolismo: as Torres Gêmeas eram as peças centrais do WTC, que significavam a globalização, o poder econômico e a prosperidade norte-americana. Já o Pentágono foi escolhido por ser o quartel-general do Departamento de Defesa, símbolos do poderio militar.
Consequência: Guerra ao Terror
No início da noite de 11 de setembro 2001, o então presidente George W. Bush, que estava na Flórida no momento dos atentados e havia sido transportado pelo país por motivos de segurança, voltou à Casa Branca. Em seguida, o chefe do Executivo norte-americano fez um discurso para a toda nação, em que afirmou que os EUA iriam retaliar os responsáveis pela tragédia.
Denominada Operação Liberdade Duradoura, a Guerra ao Terror não estava direcionada a um país específico, mas sim à prática de ação política pautada em atentados terroristas.
O primeiro país invadido pelas tropas norte-americanas foi o Afeganistão, apontado como local usado de esconderijo por Bin Laden. No período, a nação era comandada pelo grupo fundamentalista islâmico Talibã, que se recusou a entregar o chefe da Al-Qaeda.
Em poucas semanas, a investida ocidental derrubou o governo dos talibãs e instaurou um estado, que perdurou por 20 anos e foi encerrado com a retirada das tropas estrangeiras do país oriental, marcada pelo retorno do grupo islâmico ao poder.
Além do Afeganistão, os EUA realizaram ações da operação em outros lugares do mundo, onde capturaram diversos acusados de terrorismo e os prenderam na prisão localizada na base militar de Guantánamo, na Ilha de Cuba. Situada fora das fronteiras norte-americanas, a prisão não se submete às leis de país algum, ficando os prisioneiros sujeitos às regras e julgamentos apenas do exército dos Estados Unidos. Medidas duramente criticadas por americanos e estrangeiros, pois não garantem direitos mínimos de defesa aos prisioneiros.
No lugar do World Trade Center foi erguido o Memorial do 11 de Setembro, inaugurado no aniversário de 10 anos da tragédia, em 2011. Ele está localizado no lado oeste do antigo complexo empresarial, onde antes ficavam as Torres Gêmeas.
O Memorial Plaza circunda dois enormes espelhos d'água situados nas pegadas das Torres Norte e Sul. As piscinas da obra possuem cachoeiras de mais de nove metros de queda — as maiores já feitas pelo homem na América do Norte. A água cai em espelhos d'água, desaparecendo nos vazios centrais.
Os nomes das pessoas que morreram nos ataques de 11 de setembro em Nova York, no Pentágono e no voo 93, bem como no atentado de 1993 no WTC, estão gravados em bronze nas bordas das piscinas.