A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta segunda-feira (7), que cerca de 15 mil pessoas morreram na Europa devido às ondas de calor registradas em 2022. Espanha e Alemanha são os países mais afetados.
"Quase 4 mil mortes na Espanha, mais de 1.000 em Portugal, mais de 3.200 no Reino Unido e umas 4.500 mortes na Alemanha foram registradas pelas autoridades sanitárias durante os três meses de verão", informou o diretor-regional da OMS, Hans Kluge.
Os meses entre junho e agosto foram os mais quentes na Europa desde que começaram a ser feitos registros. As temperaturas excepcionalmente altas provocaram a pior seca detectada no continente desde a Idade Média.
O que são as ondas de calor
Uma onda de calor é definida quando, durante cinco ou mais dias consecutivos, as temperaturas máximas diárias superam em 5 graus a temperatura máxima média para aquela região. Na maior parte do século XX, ondas de calor eram consideradas um fenômeno natural, mais ou menos como terremotos ou furacões, que ocorriam ocasionalmente.
No entanto, a partir dos anos 1990, os cientistas se aprofundaram sobre o "fenômeno" que vinha se intensificando. Eles reuniram evidências fortes o suficiente para mudar de opinião. As ondas de calor, então, passaram a ser vistas como um efeito colateral do aquecimento da temperatura do planeta
Incidentes
Em 2004, um ano depois de uma onda de calor que causou mais de um recorde de 70 mil mortes na Europa, um artigo publicado na prestigiada revista "Science" soou o alerta que se tornou referência para trabalhos seguintes. Naquele mesmo ano a França registrou temperaturas acima de 40 graus Celsius, durante 8 dias em diferentes regiões no mês de Agosto.
Em 2006, a Europa foi atingida pela segunda grande onda de calor em quatro anos, com mais temperaturas acima de 40 graus Celsius novamente na França. Mais de 3,4 mil pessoas morreram no Velho Mundo e países como Reino Unido, Holanda, Dinamarca e Alemanha registraram o seu mês de julho mais quente de todos os tempos.
Em 2010, uma onda de calor na Rússia levou a imensas perdas agrícolas, muito incêndios florestais e algo em torno de 55 mil mortes, principalmente na capital do país, Moscou.
Um estudo publicado no períodico científico "Nature Climate Change" em 2021 mostrou que 37% das mortes causadas por calor não teriam acontecido se não fossem as mudanças climáticas provocadas pela ação do ser humano. A equipe de epidemiologistas investigou dados de temperatura e mortes no verão de 732 localidades em 43 países, de 1991 a 2018.
Como o calor mata
É necessário manter a temperatura do corpo por volta de 36 graus. O aumento dessa temperatura ocasiona adversidades como câimbras, exaustão e insolação grave. Além disso, o calor extremo pode levar, indiretamente, a problemas cardiovasculares, o que aumenta a incidência de enfartes.
As câimbras de calor causam forte dor e até espasmos em músculos das pernas, abdômen e intensa sudorese. Já a exaustão pode levar a sudorese, enjoo, fraqueza, pulso fraco e desmaios. A insolação grave gera alterações do estado mental, dor de cabeça, náusea e tonteira, além de aceleração da circulação sanguínea, sudorese e perda de consciência. Dessas três consequências do calor extremo, a insolação é a mais séria e, normalmente, exige atendimento médico.