OMS alerta que a pandemia de Covid-19 está longe de acabar

Nesta sexta-feira (11), completam-se dois anos desde que a Organização anunciou a pandemia

"Esta pandemia está longe de acabar", alertou nesta quarta-feira (9) Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase dois anos após dizer a palavra que espantou o mundo inteiro sobre a gravidade da crise sanitária causada pelo coronavírus.

Em conferência de imprensa, ainda virtual, em Genebra, o gestor disse: “Nesta sexta-feira fará dois anos desde que dissemos que a propagação da Covid-19 no mundo poderia ser descrita como uma pandemia".

O chefe da OMS não deixou de lembrar que seis semanas antes, "quando apenas 100 casos foram registrados fora da China e nenhuma morte", ele havia declarado o mais alto nível de alerta sanitário na OMS, uma emergência de saúde pública de interesse internacional.

Essa classificação, no entanto, não alcançou seus efeitos imediatos. Em vez disso, a organização foi posteriormente criticada por demorar muito para agir contra o desastre iminente. "Dois anos depois, mais de 6 milhões de pessoas morreram", disse Ghebreyesus.

Alerta continua mesmo com queda de casos

Embora a OMS tenha indicado há algum tempo que o número de infecções e mortes está diminuindo, “esta pandemia está longe de terminar e não terminará em lugar algum se não conseguirmos em todos os lugares”, enfatizou o maior representante da instituição.

A Organização observou um crescimento muito forte na região do Pacífico Ocidental, embora globalmente o número de novas infecções e mortes tenham caído 5% e 8%, respectivamente, de acordo com o relatório epidemiológico, publicado semanalmente.

“O vírus continua evoluindo, e continuamos enfrentando grandes obstáculos para levar vacinas, testes e tratamentos onde quer que sejam necessários”, insistiu Ghebreyesus.

A OMS está preocupada que vários países tenham reduzido drasticamente seus testes usados para detectar novas variantes. “Isso nos impede de ver onde está o vírus, como ele se espalha e como evolui”, alertou Ghebreyesus.

Vale lembrar que a estratégia de testes na África do Sul permitiu que a cepa ômicron fosse identificada rapidamente no fim de novembro de 2021.

Pandemia 'continua sendo uma ameaça' nas Américas

 

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) advertiu, também nesta quarta, que a pandemia de Covid-19 "continua sendo uma ameaça" no continente americano, mesmo com a redução de casos e mortes.

Na última semana, os novos casos caíram 26% e as mortes quase 19% em todo o continente americano. Contudo, o perigo persiste.

"A pandemia continua sendo uma ameaça hoje. Apenas nos primeiros dois meses de 2022, 63% dos novos casos globais foram notificados nas Américas", disse em entrevista coletiva virtual Carissa Etienne, diretora da Opas, o escritório regional da OMS no continente americano.

Ameaça da Ômicron

Etienne lembrou que a onda recente de casos provocada pela variante ômicron deixou mais de 220 mil mortos em todo o continente, com números recordes de novos contágios em Brasil, Estados Unidos e Chile.

"Todos nós queremos o fim da pandemia, mas o otimismo por si só não serve para controlar o vírus. Ainda é muito cedo para baixar a guarda", frisou, ao pedir a manutenção das medidas de saúde pública, como uso de máscaras e distanciamento social, em lugares com alto índice de transmissão.

"A Ômicron ainda existe e esta pandemia é imprevisível", alertou.

A cepa Ômicron, a quinta variante de preocupação designada pela OMS desde o surgimento do SARS-CoV-2 na China no fim de 2019 (depois de alfa, beta, gama e delta), tem provocado casos menos graves, no geral, mas sua transmissibilidade é muito maior.

Etienne destacou que, entre os mais de 6 milhões de mortos que a pandemia deixou até agora no mundo, 2,6 milhões correspondem às Américas, região que notificou a maior quantidade de mortes por covid-19 que qualquer outra do planeta.