Índia aprova a vacina russa Sputnik V contra a Covid-19

A Sputnik V é a terceira vacina aprovada pela Índia

A Índia autorizou o uso da vacina russa Sputnik V contra a Covid-19, anunciou nesta terça-feira (13) um importante fabricante local de medicamentos, o que permitirá acelerar a campanha de vacinação no momento em que o país registra um grande aumento de contágios.

"Estamos muito felizes de ter obtido a autorização do uso de emergência para a Sputnik V na Índia", afirmou em um comunicado G.V. Prasad, copresidente e diretor-gerente da farmacêutica indiana Dr. Reddy's.

"Com o aumento de casos na Índia, a vacinação é a ferramenta mais eficaz em nossa batalha contra a covid-19", completou Prasad.

A Sputnik V é a terceira vacina aprovada pela Índia, depois do fármaco desenvolvido por Oxford e AstraZeneca e da Covaxin, da empresa indiana Bharat Biotech.

O chefe executivo do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês), Kirill Dmitriev, disse em um comunicado que a aprovação é um "marco"após a "ampla cooperação" em testes clínicos da vacina.

Dmitriev acrescentou em coletiva de imprensa em Moscou que espera que 50 milhões de doses sejam fabricadas na Índia "até o fim do verão".

"Nós pensamos que é uma vacina russo-indiana, pois grande parte da produção será feita na Índia", acrescentou.

Segundo os acordos de produção assinados pelo RDIF, o fundo soberano russo que promove a vacina, o fabricante indiano produzirá 852 milhões de doses da Sputnik V.

A Índia, país de 1,3 bilhão de habitantes, enfrenta um aumento de casos de covid-19 nas últimas semanas, o que levou o governo a decretar um toque de recolher e instaurar restrições de movimento.

Na segunda-feira, a Índia registrou mais 161.000 casos adicionais, superando pelo sétimo dia consecutivo a barreira dos 100.000 novos contágios diários.

Eficácia de 91,6% 

A eficácia da vacina Sputnik V é de 91,6%, segundo um artigo da revista médica Lancet, destacou o laboratório indiano. 

"É uma boa notícia porque vai estimular a oferta de vacinas na Índia (...) mas não vai fazer muito contra o surto atual (de casos)", comentou à AFP o virologista Shahid Jameel.

A nova onda de covid-19 na Índia motivou restrições e/ou confinamentos parciais em muitos estados e territórios gravemente afetados.

Maharashtra, principal foco de contaminação, impôs na semana passada um confinamento nos fins de semana e um toque de recolher noturno.

Mas o estado - onde fica Mumbai, a capital econômica do país - advertiu que um confinamento total poderia ser instaurado nos próximos dias, caso os contágios permaneçam em alta.

As autoridades de Mumbai anunciaram na segunda que nas próximas seis semanas serão construídos três hospitais de campanha.

Em Nova Délhi o número de leitos para pacientes de covid-19 aumentará, enquanto em 14 grandes hospitais instalações serão adaptadas para o tratamento de infectados com o coronavírus. 

O ministro chefe da capital indiana, onde está em vigor um toque de recolher noturno, informou no domingo que 65% dos novos pacientes têm menos de 45 anos.

A Índia, principal fabricante de vacinas do mundo, iniciou a campanha de vacinação em meados de janeiro e até o momento aplicou 108 milhões de doses do imunizante.

Mas o ambicioso objetivo do governo de vacinar 300 milhões de pessoas até o fim de julho não avança como o previsto, devido à escassez de doses em alguns estados e dúvidas sobre as vacinas.