Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, anunciou nesta terça-feira (4), o fechamento temporário da fronteira com o México para barrar a entrada ilegal de imigrantes no país.
"Vim hoje aqui para fazer o que os republicanos no Congresso se negam a fazer, tomar as medidas necessárias para garantir a segurança da nossa fronteira (...) Resolvamos o problema e deixemos de brigar por ele", disse Biden na Casa Branca.
O líder democrata, de 81 anos, vai assinar um decreto para permitir que as autoridades suspendam a entrada de solicitantes de asilo e migrantes quando o mesmo superar mais de 2.500 casos em um dia, informou a Casa Branca. O texto também facilitará as deportações, seja para o México ou para outros países, como o Brasil, em questão de horas ou dias.
Por meio do porta-voz, Andrew Bates, a Presidência disse que "a segurança das famílias americanas deve estar sempre em primeiro lugar" e que a medida impedirá que aqueles que atravessam ilegalmente a fronteira sul recebam asilo.
Biden pretende desarmar os ataques republicanos e cortejar eleitores indecisos preocupados com a situação migratória na fronteira. Porém, seu plano vai incomodar membros e militantes da ala esquerdista do Partido Democrata, e é quase certo que será impugnado na Justiça por grupos pró-direitos civis.
Mais de 2,4 milhões de migrantes cruzaram a fronteira sul dos Estados Unidos apenas em 2023. A maioria é proveniente da América Central e da Venezuela e foge da pobreza, da violência e dos desastres naturais intensificados pela mudanças climáticas.
Em dezembro, o contingente chegou ao recorde de 10 mil pessoas por dia, mas este número tem diminuído nos últimos meses.
Reabertura de fronteiras e súplica de imigrantes
Além disso, o texto oficial prevê a reabertura da fronteira quando o número de requerentes de asilo for inferior a 1.500 por dia. Os milhares de migrantes bloqueados em localidades fronteiriças mexicanas pouco sabem sobre essa medida, mas reiteram suas súplicas ao governo dos Estados Unidos.
"Deem uma oportunidade para a gente [...], temos família para sustentar", disse à AFP o hondurenho Miguel Ángel Ramos em Ciudad Juárez, vizinha da cidade americana de El Paso.
"É uma decisão deles [...], estamos sofrendo muito", comentou o venezuelano Erickson Quintero. Em nota, a agência das Nações Unidas para os refugiados (Acnur) declarou estar "muito preocupada" com as novas restrições, que, em sua opinião, "prejudicam o direito fundamental de solicitar asilo" e instou o governo Biden a "reconsiderar" a decisão.
Estratégia de Trump
Biden tenta mudar sua política migratória, depois que pesquisas de opinião revelaram que essa questão pesará para que ele consiga a reeleição na revanche contra o magnata e ex-presidente republicano Donald Trump (2017-2021).
A equipe de campanha de Trump rejeitou a iniciativa de Biden em um comunicado, considerando que não se destina "à segurança das fronteiras", e reforçou a mensagem do republicano de que os imigrantes irregulares são responsáveis pelo aumento dos crimes violentos nos Estados Unidos, acusação sem base em dados oficiais.
O magnata passou seu mandato anunciando a intenção de construir um muro na fronteira com o México e intensificou sua retórica anti-imigração para voltar à Casa Branca.
"Milhões de pessoas entraram no nosso país e agora, depois de quase quatro anos da sua liderança fraca e falha, da sua liderança patética, o corrupto Joe Biden pretende finalmente fazer algo em relação à fronteira", exclamou Trump, de 77 anos, em um vídeo publicado nesta terça-feira em sua plataforma, a Truth Social.
O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, um aliado de Trump, rapidamente classificou a medida de Biden como "enfeite de vitrine".
A Casa Branca, por sua vez, destacou que Biden tenta resolver um sistema de imigração que "falhou durante décadas" e culpa os republicanos no Congresso por não cooperarem e bloquearem milhares de milhões de dólares para políticas fronteiriças.