A China negou, nesta segunda-feira (24), que três pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan adoeceram, em novembro de 2019, com uma doença que exigia atendimento hospitalar. A cidade chinesa já foi o epicentro da pandemia da Covid-19.
Alegando que se baseia em um relatório da inteligência dos Estados Unidos, o jornal norte-americano Wall Street Journal afirmou que três pesquisadores do laboratório foram infectados, antes de o vírus se espalhar pelo mundo, e manifestado "sintomas compatíveis tanto com os da Covid-19 quanto com uma infecção sazonal".
Conforme a publicação, um informativo do Departamento de Estado divulgado pela administração do ex-presidente Trump, em janeiro, afirma que os pesquisadores adoeceram no outono de 2019, mas não chegaram a informar que foram hospitalizados.
A China relatou à Organização Mundial da Saúde (OMS), em 31 de dezembro de 2019, a existência de um foco de casos de pneumonia em Wuhan.
Desde o início da pandemia, o governo chinês luta contra a teoria de que a Covid-19 poderia ter vazado de um de seus laboratórios.
Questionado a respeito do assunto, um porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian, qualificou as declarações do jornal norte-americano como sendo "totalmente falsas".
"Em 23 de março, o Instituto de Virologia de Wuhan divulgou um comunicado indicando que, antes de 30 de dezembro de 2019, não havia entrado em contato com o coronavírus. A partir dessa data [o lançamento do comunicado], nenhum dos funcionários ou estudantes-pesquisadores foram contaminados" pelo vírus, ressaltou Zhao a repórteres.
O coronavírus, porém, foi levado ao laboratório para ser estudado, segundo as autoridades chinesas.
Relatório de inteligência
A hipótese de um vazamento do vírus de um laboratório chinês foi alimentada, entre outros, pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
As informações divulgadas pelo Wall Street Journal se junta ao corpo de evidências circunstanciais que apoiam a hipótese de que o vírus da Covid-19 pode ter se espalhado para os humanos depois que escapou de um laboratório de pesquisa chinês em Wuhan. Mas a evidência apresentada pelo relatório está longe de ser conclusiva.
O documento adiciona novos detalhes às informações divulgadas em um boletim do Departamento de Estado no ano passado, que dizia que os Estados Unidos haviam confirmado que pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan adoeceram.
"O governo dos EUA tem motivos para acreditar que vários pesquisadores dentro do WIV ficaram doentes no outono de 2019, antes do primeiro caso identificado do surto, com sintomas consistentes com Covid-19 e doenças sazonais comuns. Isso levanta questões sobre a credibilidade do WIV a alegação pública do pesquisador sênior Shi Zhengli de que havia 'infecção zero' entre a equipe da WIV e os alunos do SARS-CoV-2 ou vírus relacionados à SARS ”, disse o informativo.
Depois de uma estadia de quatro semanas em Wuhan no início deste ano, um estudo conjunto da OMS e especialistas chineses em março considerou um incidente de laboratório "altamente improvável".
Os especialistas defendem a teoria geralmente aceita da transmissão natural do vírus de um animal, provavelmente o morcego, para o homem, através de outro animal ainda não identificado.