Localizada na Ucrânia, a Usina de Chernobyl foi tomada por militares russos nesta quinta-feira (24), informou o governo da Ucrânia. Desativada há mais de 20 anos, a localização da usina é estratégica nas movimentações do conflito entre Ucrânia e Rússia.
Mykhailo Podolyak, conselheiro da presidência da Ucrânia, afirmou que a região é um depósito de resíduos nucleares e que o ato da Rússia é uma das "ameaças mais sérias para a Europa no momento".
O desastre nuclear acontecido em 1986 decorreu da explosão do reator 4 após um teste de segurança mal-sucedido, o que acabou liberando uma enorme nuvem radioativa, que se espalhou por boa parte da Europa.
A consequência imediata foi a morte de 31 pessoas, mas outras dezenas ou até centenas de milhares perderam a vida para doenças como o câncer, relacionadas aos altos níveis de radiação. O número de vítimas até hoje não é consenso.
Onde fica Chernobyl?
Chernobyl foi a primeira usina nuclear da Ucrânia, com obras concluídas em 1977, quando o território ainda pertencia à antiga União Soviética. O país é referência em energia nuclear, sendo o segundo maior gerador da Europa, atrás apenas da França.
A localização de Chernobyl é um dos principais fatores para a estratégia do domínio russo: fica a 120 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia e sede do governo, e Pripyat, cidade ucraniana que ficava próxima dos reatores, fica um pouco abaixo da fronteira com a Bielorrúsia.
Quais os riscos da invasão em Chernobyl?
Mesmo com ações interrompidas na usina nuclear, o espaço funciona como depósito de resíduos nucleares e operações no local são constantemente monitoradas para controlar o índice radioativo do local. Para evitar novos acidentes, os reatores precisam de abastecimento constante de eletricidade e água que podem ser afetados com a invasão.
Hoje, os níveis de radiação do local registraram aumento, segundo especialistas da agência nuclear da Ucrânia.
A Agência Internacional de Energia Atômica já disse que estão gravemente preocupados com a situação. "É de vital importância que as operações das instalações nucleares permaneçam seguras e protegidas naquela zona e não sejam afetadas ou interrompidas de forma alguma", disse Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA.
O Ministério de Relações Exteriores da Ucrânia ressaltou que a invasão pode causar "outro desastre ecológico".