Mais um brasileiro que partiu do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, foi preso injustamente por tráfico internacional de drogas, aponta uma investigação da Polícia Federal. Duas malas com 43 kg de cocaína e etiquetas no nome Ahmed Hasan, de 37 anos, foram apreendidas em Istambul, na Turquia, onde ele está detido aguardando julgamento, previsto para 30 de novembro.
As bagagens com a droga, identificadas como sendo do líbio radicado no Brasil, saíram da cidade paulista em 26 de outubro do ano passado, quatro dias após o homem ter embarcado para o Oriente Médio com a família. As informações são do Fantástico, da TV Globo, desse domingo (29).
Alguém retirou essa etiqueta, mas, em vez de usar no próprio dia, [a pessoa] guardou para usar alguns dias depois no voo onde foi a droga efetivamente."
Hasan relembrou que, na época, viajou com a esposa, Malak, e o filho para a Turquia e, de lá, foram para a Líbia. "Nós pegamos toda a nossa bagagem, nossos passaportes foram carimbados, e entramos normalmente. Nada aconteceu", contou em entrevista à TV Globo.
No entanto, em maio deste ano, ao retornar à Turquia sozinho, ele foi preso por tráfico de drogas na chegada ao país. O brasileiro disse ter ficado surpreso ao descobrir o motivo da detenção, um dia depois, conforme relatou a ele uma advogada turca. "Ela disse que eu estava sendo acusado por tráfico internacional de drogas. Foi um choque enorme".
Etiquetas gastas e 'ponto cego' no aeroporto
Investigadores da Polícia Federal suspeitam da movimentação de um ônibus de transporte de passageiros. Gravações, registradas em 26 de outubro do ano passado no aeroporto, mostram o veículo saindo do terminal de Guarulhos e só retornando às 21h40, acompanhado de outro ônibus.
Nas imagens, é possível observar que ambos os veículos seguem para o fundo de galpão, onde não há câmeras de segurança. Cerca de 12 minutos após, uma carretinha segue para o mesmo local. A Polícia acredita que ela seria o mesmo veículo que aparece às 22h26 ao lado de um avião da companhia turca usada por Hasan, a Turkish Airlines.
Outro detalhe destacado pelas autoridades brasileiras é o mal estado das etiquetas em nome da vítima, que estavam anexadas às malas com a droga, o que indica que elas teriam sido reutilizadas.
Você percebe, pelas imagens que a gente tem, que a etiqueta está bagunçada, mas ela ainda passa por uma etiqueta."
Brasileiras presas na Alemanha
O caso de Hasan é semelhante ao de duas brasileiras presas na Alemanha, em abril deste ano, por tráfico internacional de drogas após terem as etiquetas das malas delas trocadas e colocadas em bagagens com drogas no Aeroporto de Guarulhos. Investigadores acreditam que a mesma quadrilha que agiu contra a dupla é responsável pelo caso do homem.
As mulheres foram inocentadas após a PF comprovar a troca e enviar as provas às autoridades alemãs.
A advogada responsável pela defesa das duas, Luna Provázio, também está representando Hasan, que deve ser julgado em novembro. Ao Fantástico, a advogada destacou que a "companhia aérea é responsável que a bagagem chegue corretamente ao destino e que não seja possível que a etiqueta seja retirada e colocada em outra".