Astronauta registra erupção do vulcão nas Ilhas Canárias do espaço; veja

O rio de lava que desce do Cumbre Vieja já destruiu várias casas no arquipélago de La Palma

Um astronauta francês registrou do espaço a erupção do vulcão Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias, nesta quarta-feira (22). Em missão pela agência europeia na Estação Espacial Internacional (ISS), Thomas Pesquet compartilhou a fotografia nas redes sociais.

"O vulcão de La Palma em erupção. O resplendor alaranjado da lava contrasta com a escuridão do Oceano Atlântico e deixa tudo mais impressionante. O brilho da lava parece muito próximo ao brilho das luzes da cidade.", escreveu o astronauta. 

O rio de lava que desce do vulcão já destruiu várias casas no arquipélago. Um drone flagrou o momento em que o material a mais de 1.000°C. atinge piscinas em La Palma.

Os moradores se dividem entre a tristeza causada pela destruição e a retirada de milhares de pessoas de áreas de risco, e a beleza de ver de perto um fenômeno 'único'.

A lava "diminuiu o ritmo, mas segue seu caminho inexorável", alertou o presidente regional das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, em coletiva de imprensa, aconselhando os moradores a não tentarem nada contra ela e a evitarem manobras que os coloquem em perigo.

"Diante do avanço da lava, nada pode ser feito", reconheceu. "Nem uma barricada, nem um fosso, nem um parapeito, de forma alguma, vão deter o avanço da lava. Quem me dera fosse assim, mas não é, é impossível", insistiu.

Retorno das atividades

Situado no centro da ilha de La Palma — uma das sete que compõem o turístico arquipélago das Canárias, perto da costa do noroeste da África —, o vulcão Cumbre Vieja ficou sob estrita vigilância há uma semana, devido a uma forte recuperação da atividade sísmica. A erupção começou no domingo (19), pouco depois das 15h locais (12h em Brasília). 

A lava já arrasou 154 hectares e destruiu 320 edificações, informou nesta quarta-feira o sistema de medição geoespacial europeu Copernicus. Este novo balanço representa um aumento notável em comparação com seus últimos dados.

A chegada da lava ao mar já não é certa, porque a descida do magma perdeu velocidade. "O fluxo avança muito lentamente. Doze metros avançaram em 12 horas", relatou o presidente regional.

Segundo os dados mais recentes do governo das Canárias, essas colunas cinza e laranja ardentes deslocam-se agora a quatro metros por hora, engolindo a vegetação e as construções em seu caminho. As cinzas vulcânicas em suspensão bloqueiam a luz solar e reduzem a visibilidade na região, o que levou os serviços de emergência a pedir à população da ilha, de cerca de 85.000 habitantes, que limite seus deslocamentos.

A erupção do Cumbre Vieja já levou à evacuação de 6.100 pessoas, incluindo 400 turistas. Muitos moradores foram forçados a deixar suas casas em poucos minutos. Não houve vítimas.

Chegada ao mar 

O desenrolar da primeira erupção em La Palma desde 1971 é incerto. Neste momento, "não temos certeza de que o avanço culminará no mar", destacou em entrevista coletiva o diretor técnico do Plano de Emergências Vulcânicas das Canárias (Pevolca), Miguel Ángel Morcuende.

O vulcão "continua expelindo lava. O fluxo segue avançando lentamente, o que corresponde a um aumento claro da viscosidade e, principalmente, do preenchimento de determinados buracos naturais no terreno. Estamos falando de uma cavidade", disse Morcuende.

A chegada da lava ao mar preocupa, particularmente, porque pode gerar explosões, ondas de água fervente, ou nuvens tóxicas, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).

"Estamos em uma minizona de estabilidade agora, que não sabemos quanto tempo vai durar, porque já fomos avisados de novos episódios explosivos", acrescentou Morcuende.

O que o fluxo de lava está fazendo agora "é ganhar altura. Há áreas, onde já apresenta 15 metros de espessura", afirmou o porta-voz do Instituto Vulcanológico das Canárias (Involcan), David Calvo. A erupção pode durar "entre 24 e 84 dias, com uma média geométrica da ordem de 55 dias", estimou o instituto.