Apoiadores de Evo Morales bloquearam as estradas, nesta terça-feira (15), com o departamento de Cochabamba, no centro da Bolívia, no segundo dia de protestos contra a provável prisão do ex-presidente. A medida é liderada por agricultores seguidores do ex-presidente, que está sendo investigado por suposto abuso de uma menor, ocorrido em 2015, durante o mandato do líder político.
Os manifestantes bloquearam com pedras e terra as estradas que ligam Cochabamba, onde o ex-presidente tem sua base política, às cidades de La Paz, Sucre (sul) e Santa Cruz (leste), conforme a Autoridade Boliviana de Estradas (ABC).
A ABC apontou que duas novas rotas foram bloqueadas nesta terça e se somam às três de segunda. Em Parotani, cidade entre Cochabamba e La Paz, ocorreram, pelo segundo dia, confrontos entre manifestantes e autoridades.
Os manifestantes lançaram pedras e fogos de artifício e fizeram fogueiras. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo, mas não conseguiu desbloquear a via. À frente dos bloqueios está o Pacto de Unidade (Pacto de Unidad), uma coalizão de organizações próximas ao ex-presidente de 64 anos.
Morales é investigado por estupro e tráfico de pessoas
O ex-presidente Evo Morales, o primeiro indígena a governar a Bolívia entre 2006 e 2019, está sendo investigado pelos crimes de estupro e tráfico de pessoas.
A promotoria do departamento de Tarija afirma que Morales se relacionou em 2015 com uma menor de 15 anos, e que um ano depois nasceu uma filha de ambos. Na quinta-feira, ele não cumpriu uma intimação do Ministério Público para depor, o que poderia levar as autoridades a ordenar sua prisão.
O ex-presidente chama o caso de “mais uma mentira” que foi investigada e arquivada pelo sistema judiciário em 2020. Para Morales, o governo de Arce reativou o caso para impedir sua candidatura nas eleições presidenciais de 2025.
O governo convocou conversas com Morales na segunda-feira, mas sem sucesso.