Vacinas contra Covid-19 usadas no Brasil aumentam proteção em quem já teve a doença, diz Fiocruz

Pesquisa foi realizada pela Fiocruz, com período analisado entre 24 de fevereiro de 2020 a 11 de novembro de 2021

Os imunizantes contra Covid-19 utilizados no Brasil aumentam a proteção nas pessoas que já se contaminaram com a doença, apontam pesquisadores do projeto Vigivac, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A descoberta foi detalhada em estudo publicado na revista Lancet, nessa quinta-feira (31). 

Além do crescimento dessa efetividade, as vacinas CoronaVac, AstraZeneca, Janssen e Pfizer ainda reduzem a ocorrência de hospitalização e mortes em decorrência da doença. 

No caso das pessoas que concluíram o esquema vacinal, a efetividade dos imunizantes contra internação ou morte, após 14 dias ou mais, apresentaram taxas de:

  • CoronaVac: 81,3%
  • AstraZeneca: 89,9%
  • Janssen: 57,7%
  • Pfizer: 89,7%

Já no caso dos pacientes sintomáticos, a taxa de efetividade encontrada foi:

  • CoronaVac: 39,4%
  • AstraZeneca: 56%
  • Janssen: 44%
  • Pfizer: 64,8%

A pesquisa contou com apoio de dados nacionais de notificação, hospitalização e vacinação de Covid-19. Além disso, a análise focou no período anterior à chegada da variante Ômicron ao Brasil, entre 24 de fevereiro de 2020 a 11 de novembro de 2021.

Os cientistas identificaram cerca de 213 mil pessoas com sintomas que realizaram teste RT-PCR em um período de pelo menos 90 dias após uma infecção pelo coronavírus e depois do início do programa de vacinação.

A partir desse grupo, descobriram 30.910 pessoas com casos confirmados de reinfecção pelo SARS-CoV-2.

Dose de reforço

O artigo constatou que uma segunda dose dos imunizantes CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer garantem uma proteção adicional significativa contra infecções sintomáticas e casos severos. Apesar de que "muitos países recomendam que uma dose é suficiente para indivíduos previamente infectados". 

Além disso, perceberam a queda de anticorpos nos nove meses seguintes à recuperação dos pacientes. Assim, a dose de reforço é capaz de aumentar a diversidade de anticorpos e a proteção contra variantes.

"Consideradas conjuntamente, essas descobertas podem ajudar a explicar os benefícios adicionais de uma segunda dose entre indivíduos que foram previamente infectados, apesar da resposta imune robusta produzida pela primeira dose".
Pesquisadores da Fiocruz

Limitações na metodologia

No entanto, o artigo aponta limitações na metodologia utilizada capazes de afetar a efetividade da vacina e, também, apresentar diferenças na precisão dos testes RT-PCR usados em diferentes partes do País. Dentre elas, estão:

  • Falta de dados sobre a variante de cada caso de Covid-19;
  • Impossibilidade de comparar a efetividade considerando a faixa etária, já que pesquisa tinha média de pessoas com 36 anos;
  • Vacinas foram introduzidas no calendário em períodos diferentes e, dessa forma, a imunidade tende a cair com o tempo.