A Defesa Civil de Alagoas registrou imagens aéreas na região da mina da Braskem, na manhã de domingo (3), que revelam o avanço das fissuras e que a área seca está sendo cada vez mais ocupada pela água da Lagoa Mundaú. O monitoramento é realizado pelo órgão estadual 24 horas na área.
Em entrevista à TV Gazeta, afiliada da TV Globo, o coordenador da Defesa Civil de Alagoas detalhou informações sobre o afundamento do solo.
Veja imagens de drone:
"Podemos observar que têm várias fissuras. As fissuras continuam sendo ampliadas nessa região. Então a cratera se encontra na lagoa [60% na lagoa Mundaú], com 40% no continente. Essa parte molhada ampliou hoje. Ontem tínhamos apenas uma pequena parte molhada. Isso prova que esse rebaixamento, esse afundamento da terra, que era de 1,40 m, está agora em torno de 1,60,m", informou o coronel Moisés.
O coordenador da Defesa Civil explicou que as imagens da mina, na área do antigo campo do CSA, no Mutange, são feitas pelo menos duas vezes por dia para acompanhar a evolução do afundamento do solo. A região tem outras 34 minas de responsabilidade da Braskem.
"Estamos fazendo essas imagens duas, três vezes por dia, no mesmo horário. Acompanhando a mesma maré, para que possamos ter imagens reais de tudo o que está acontecendo", declarou o gestor da Defesa Civil.
Defesa Civil de Maceió está em 'alerta máximo'
A Defesa Civil de Maceió publicou uma nova nota, neste domingo (3), sobre o alerta máximo por causa do risco iminente de colapso da Mina 18, que compromete a segurança no bairro Mutange. Somente nas últimas 24h, o afundamento do solo foi de 10,8 centímetros.
Os agentes verificaram que esse deslocamento vertical acumulado já chegou a 1,69 metro e estimam a velocidade vertical permanente de 0,7 centímetros por hora. Isso acontece por causa da exploração de sal-gema, substância usada para a fabricação de PVC, por exemplo, pela empresa Braskem.
"Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo", informou o órgão.
O lugar mais afetado é a área do antigo campo de treinamento do clube de futebol CSA, no Mutange. Por lá, 3 sensores emitem alertas de movimentação. A Defesa Civil, inclusive, ressaltou que as informações são baseadas em dados contínuos.
Abalos sísmicos
A empresa Braskem confirmou, na sexta-feira (1º), a possibilidade de um grande desabamento na área afetada pela mina, como divulgou a Agência Brasil. Naquela semana, o afundamento chegou a ser de 50 centímetros por dia.
Na sexta (1º) e no sábado (2) foram registrados abalos sísmicos na região, com magnitude 0,89, e registrado a 300 metros de profundidade, de acordo com o monitoramento da Defesa Civil.
O órgão avalia a chance de um colapso acontecer, a qualquer momento, nos bairros de Mutange, Pinheiro e Bebedouro, que sofreram nos últimos abalos sísmicos devido à movimentação da Mina 18 da Braskem.
Situação de emergência
Por causa dessa situação, a Prefeitura de Maceió declarou situação de emergência por 180 dias. Os locais estão desocupados e a circulação de embarcações está restrita na região da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange. O Governo Federal reconheceu o estado de emergência em Maceió.
A Braskem informou que continua mobilizada e monitorando a situação da Mina 18, tomando as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências e que a área está isolada desde terça-feira (28). A empresa ressalta que a região está desabitada desde 2020.
"Referido monitoramento, com equipamentos de última geração, foi implementado para garantir a detecção de qualquer movimentação no solo da região e viabilizar o acompanhamento pelas autoridades e a adoção de medidas preventivas como as que estão sendo adotadas no presente momento", disse a empresa à Agência Brasil.