O pequi é um dos frutos mais comercializados e consumidos no Brasil. Originário do cerrado, sua polpa é riquíssima em vitaminas A e E — e tem o dobro de vitamina C de uma laranja.
No Ceará, é encontrado mais facilmente na Região do Cariri, entre os meses de janeiro e abril, segundo a nutricionista clínica Ana Patrício Augusto*.
No que diz respeito à contribuição para a saúde do corpo, o pequi tem antioxidantes que ajudam a combater o envelhecimento da pele e prevenir doenças relacionadas à visão. Além disso, tem ação antifúngica e antibacteriana. “Também encontramos em sua polpa vitaminas C, B1, B2, niacina e caroteno”, acrescenta Ana.
Sua amêndoa costuma ser utilizada para fabricar um óleo que tem ação anti-inflamatória, cicatrizante e gastroprotetora, segundo o projeto Cerratinga, que estuda e divulga recursos da biodiversidade do cerrado e da caatinga.
O tamanho do fruto é semelhante ao de uma maçã e a casca é verde-escura. Dentro, há um caroço revestido por uma polpa macia e amarela, que é comestível. Contudo, o consumo deve ser feito com cuidado. Isso porque há, também, uma camada de espinhos no interior.
De onde é o pequi?
O pequi é um fruto tropical originário do cerrado. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o bioma cobre 25% do território nacional e pode ser encontrado em Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e algumas porções do Mato Grosso, de Minas Gerais, da Bahia, do Maranhão, do Piauí e de São Paulo.
Segundo o Cerratinga, o pequi é encontrado, principalmente, em Goiás e no norte de Minas.
Qual a época do fruto?
De forma geral, segundo o projeto Cerratinga, os pequizeiros (de nome científico Caryocar brasiliense) costumam produzir frutos de novembro a janeiro. Outros pesquisadores, porém, apontam que a época da colheita é entre outubro e março.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) afirma, por sua vez, que os pequis ficam maduros de setembro a fevereiro e que cada planta fornece, em média, 6 mil frutos por ano.
No Ceará, o fruto é mais facilmente encontrado entre janeiro e abril.
Benefícios
Dentre os principais benefícios do pequi, especialmente para a saúde do corpo, se destacam ações antioxidantes, anti-inflamatórias, antifúngicas e antibacterianas.
No entanto, as vantagens não param aí. A castanha do pequi também tem grande potencial gastronômico, podendo ser apreciada in natura, torrada, com sal ou caramelizada. Além disso, seu óleo pode ser utilizado na produção de cosméticos, sua casca tem um corante de ótima qualidade e suas folhas têm usos medicinais.
Pequi é anti-inflamatório?
Sim. Além de antioxidantes, o pequi também tem propriedades anti-inflamatórias. Segundo a nutricionista Ana Patrício Augusto, essa especificidade é devido ao teor fenólico presente, especialmente, na casca do fruto.
Como tirar o espinho do pequi da língua?
Comer o fruto exige cuidado. Isso porque, dentro dele, há uma camada de espinhos finos que podem machucar a língua, a gengiva e os lábios e até provocar engasgos.
Uma das principais dicas para tirar o espinho do pequi da língua é colocar bicarbonato de sódio num recipiente e acrescentar água lentamente até alcançar uma consistência pastosa. Depois disso, deve-se espalhar o conteúdo sobre o orifício feito pelo espinho e colocar um esparadrapo ou band-aid para que a pasta seque em repouso.
Outra sugestão é tentar tirar o espinho com ajuda de uma pinça ou com fita adesiva.
Como usar o pequi?
O pequi é um fruto para ser roído e não mordido. Geralmente, ele é consumido cozido, puro ou misturado com arroz, frango, purê, farofa, legumes e outros ingredientes. Alguns apreciadores do pequi também utilizam o fruto em receitas de lasanha, molho, pasta e brigadeiro.
O óleo do fruto também pode ser utilizado na fabricação de licores artesanais.
Veja receita de licor artesanal
Ingredientes:
20 pequis
2 kg de açúcar
2 litros de água
1 litro de cachaça
Modo de preparo:
Descasque o fruto sem tocar no caroço. Despeje os caroços dentro de um frasco e acrescente a cachaça. Deixe descansar por 15 dias. Passado esse período, em uma panela, coloque água e, depois, açúcar. Mexa até chegar no "ponto fio".
Enquanto a calda esfria, coe o pequi na cachaça utilizando um pano de prato sobre uma bacia. Acrescente a calda fria e misture por poucos minutos. Consuma.
Quanto tempo demora para cozinhar pequi
Em fogo alto, o cozimento do pequi dura entre 20 e 30 minutos. Em fogo médio, ideal é deixar até 40 minutos.
Como fazer conserva do fruto?
Segundo a nutricionista Ana Patrício, a melhor forma de conservar pequi é manter o fruto refrigerado.
Para isso, é preciso, antes, selecionar os frutos que não tiverem defeitos, pragas ou podridões, lavar a superfície com detergente neutro para remover sujeiras e enxaguar bem com água corrente.
Depois, devem ficar de molho em hipoclorito de sódio por 20 minutos. Aí, deve-se retirar a casca, colocá-los em um saco plástico e armazenar na geladeira.
Como congelar o pequi?
O processo é semelhante à conserva em refrigeração.
Inicialmente, você deve seguir os mesmos passos da conserva. Contudo, depois de retirada a casca do fruto, é preciso deixá-lo em cozimento por 20 minutos. Finalizado esse processo, o ideal é raspar a massa que vai se soltando com mais facilidade do caroço e, então, congelar em sacolas próprias para isso.
"Dessa forma, a polpa pronta poderá ficar armazenada por até seis meses. O pequi congelado tem um gosto muito mais suave e redução do cheiro característico, o que permite sua melhor aceitação para as pessoas que não têm o hábito [de comer] ou que não gostam do sabor", comenta a nutricionista Ana Patrício.
Para que serve o óleo de pequi?
O óleo do pequi tem importante ação antioxidante e anti-inflamatória que traz benefícios ao corpo humano. Na culinária, o óleo costuma ser utilizado para fabricar, principalmente, licores.
Contudo, o líquido também é utilizado para fabricar cremes, sabões e fármacos naturais contra bronquites, gripes, resfriados e tumores.
*Ana Patrício Augusto é nutricionista clínica e professora do Centro Universitário Estácio do Ceará.