Entre as técnicas de emagrecimento, o Jejum Intermitente é, até hoje, alguma das que geram mais dúvidas e buscas nos consultórios médicos. Questionamentos sobre como administrar a prática, entretanto, são importantes, já que apenas o acompanhamento médico pode definir caso a caso como ser feito.
Pelo menos é isso que explica a médica endocrinologista Ana Flávia Torquato. Conforme a especialista, é necessário entender como a opção por essa dieta deve ser realizada, atentando para como ela deve ser introduzida no dia a dia.
Por isso, montamos um material com esclarecimentos especiais sobre a questão, tanto do ponto endocrinológico como nutricional. Entretanto, é importante ressaltar que quem deseja aprender sobre o jejum deve sempre buscar auxílio médico. Confira mais sobre o assunto:
O que é o Jejum Intermitente?
A endocrinologista Ana Flávia Torquato explica que o jejum é definido como uma espécie de "padrão alimentar".
"Nele o indivíduo se submete a períodos de privação de alimentos, com nenhuma ingestão energética, intercalados por períodos de consumo normal de alimentos e bebidas".
Do ponto de vista da nutrição, Melina Almeida, que é nutricionista clínica, comenta que esse tipo de jejum funciona como uma estratégia nutricional.
"É algo bem antigo, que começou pelas práticas religiosas, há muitos anos. Depois disso, vieram os estudos que apontaram como o jejum trazia alguns benefícios para quem praticava", explica ela.
Como fazer esse Jejum?
Além de saber a definição do processo, também é importante entender como ele funciona. Segundo a médica, períodos diferentes podem ser utilizados para completar a técnica.
Como existem modelos diferentes, ela conta, é possível escolher o período específico considerando o histórico de cada paciente.
"Os mais clássicos são mais longos e incluem pelo menos 24 horas de jejum. Os mais populares, e mais fáceis de implementar, são os que tem uma janela mais curta de jejum, e intercalam um período de 16 horas sem se alimentar com 8 horas, na qual a ingestão alimentar deve acontecer", aponta Ana Flávia.
Para visualizar como funciona, ela expõe uma possibilidade: "um exemplo do jejum 16:8 horas é a pessoa se alimentar entre 8 horas da manhã até 16 horas da tarde. Após esse horário, não deverá mais haver ingestão calórica até as 8 horas do dia seguinte", finaliza.
Quais os benefícios?
Um dos benefícios claros, Ana Flávia também explica, pode ser visto rapidamente com a possibilidade da diminuição de calorias entre as refeições. Nesse caso, o emagrecimento pode, de fato, ocorrer.
"Se a pessoa reduzir a ingestão calórica com o jejum intermitente, ocorrerá a perda de peso, que poderá levar a benefícios importantes como a melhora na glicemia, dos níveis de colesterol e da pressão arterial", expõe a profissional.
Outros benefícios, no entanto, ainda precisam de mais estudos, segundo Ana Flávia. Até o momento, por exemplo, ela pontua que o emagrecimento é a única finalidade do jejum intermitente.
Já sob a visão nutricional, Melina Almeida revela que existem outras boas práticas que podem vir em decorrência do ato de jejuar. "Ele é excelente para reduzidor o processo de envelhecimento, importantíssimo no controle do apetite também. Muitas pessoas com problema de alimentação acabam tendo mais saciedade, com esse espaçamento das refeições", afirma.
A nutricionista comenta enxergar o processo de adaptação como algo complicado, capaz de causar dor de cabeça ou até mesmo alterações no humor, porém, o acompanhamento profissional ajuda nesse sentido.
Qual o passo a passo para iniciantes?
Aqui, entretanto, a profissional adverte que apenas um encaminhamento completo entre endocrinologista e nutricionista irá indicar como a dieta pode ser feita.
Ana Flávia Torquato ressalta que cada paciente é único e, exatamente por isso, deve ser analisado como uma unidade pelo médico que escolher.
Nesse ponto, ela chega a citar os casos de pessoas com gastrite diagnosticada, já que é preciso estar saudável para práticas desse tipo.
"De maneira geral, pessoas sem nenhum problema de saúde podem fazer o jejum de janela mais curta sem problemas. Porém, ainda assim, não existem protocolos pré-fabricados que contemplem a necessidade de todos", reforça para complementar.
Enquanto isso, a nutricionista Melina Almeida revela que existe um modo mais comum de aconselhar o paciente nessa tarefa inicial. "Tentamos organizar o corpo dele para uma adaptação metabólica, que é uma forma de fazê-lo sofrer menos, tendo menos efeito como as dores ou a fome exacerbada", explica.
Por fim, ela relata, o acompanhamento profissional é essencial justamente por indicar os caminhos corretos a quem deseja aderir. "Muita gente chega no consultório querendo fazer porque já pesquisou ou já chega até mesmo fazendo, mas de uma forma errada. Com isso, podemos trabalhar juntos para definir os objetivos e entendendo como fazer corretamente", pontua.
Especialistas entrevistados
Ana Flávia Torquato, médica endocrinologista
Melina Almeida, nutricionista clínica