Implanon: entenda o que é, como funciona e quando é indicado

O método serve para mulheres que desejam uma contracepção eficiente, de longa duração, baixa dosagem e reversível

O Implanon é um método anticoncepcional de longa ação. Popularmente conhecido como "chip", é um implante subcutâneo em forma de haste flexível. Trata-se de um contraceptivo que atua liberando pequenas doses de etonogestrel, um hormônio sintético feminino, de maneira constante.

Ele faz parte de uma classe de contraceptivos denominados Larcs - Long-acting reversible contraceptives, que são métodos contraceptivos de longa duração, neste caso sendo eficaz por até 3 anos, explica Sidney Pearce, ginecologista da Rede Oto e especialista em endometriose.

Além de indicado para a contracepção por longos períodos, ele tem a vantagem de ser livre de estrógenos.
Pode ser utilizado para tratamento complementar de patologias de predominância estrogênica, como a endometriose, a adenomiose e miomas.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Implanon possui 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro, e contém 68 mg da substância etonogestrel que vai sendo liberada em pequena quantidade continuamente na corrente sanguínea. A ação impede que o óvulo seja liberado do ovário e também altera a secreção do colo do útero, dificultando a entrada dos espermatozoides.

Como é feita a inserção?

Sidney Pearce explica que a inserção é feita ambulatorialmente, seguindo todo o rigor de assepsia e antissepsia, de maneira rápida e segura. Inicia-se pela marcação do local de aplicação, a face interna do braço, e com anestesia local.

O dispositivo vem pronto para a aplicação e é semelhante a uma simples injeção. Após a aplicação, realiza-se um curativo local.

Quais os efeitos colaterais?

Por se tratar de uma progestina, moléculas semelhantes à progesterona natural, o Implanon pode causar, de maneira mais frequente, sintomas como:

  • Sangramentos irregulares, incluindo ausência da menstruação;
  • Retenção hídrica;
  • Acne;
  • Cefaleia (dor de cabeça);
  • Dor nas mamas; e
  • Alterações do humor.


O ginecologista ressalta, no entanto, que a maioria dos efeitos são transitórios e bem tolerados.

Para quem é indicado?

O Implanon é indicado para mulheres que desejam uma contracepção eficiente, de longa duração, baixa dosagem e que seja reversível. Indicado ainda para mulheres que possuem patologias que impeçam a utilização de métodos combinados de estrógeno e progestina.

O método também é utilizado para ajudar no controle de dor e sangramento nas pacientes com endometriose, adenomiose e miomas.

Contraindicações

  • Pacientes que possuem alergia ao etonogestrel;
  • Pacientes com tromboses;
  • Pacientes com icterícia (condição que se caracteriza pela coloração amarelada da pele, olhos e mucosas, causada pelo excesso de bilirrubina no sangue);
  • Pacientes acometidos de doença grave do fígado;
  • Pacientes com câncer de mama ou de órgãos genitais; 
  • Pacientes com sangramento vaginal de origem desconhecida.

Qual a diferença entre o Implanon e os outros métodos contraceptivos?

O ginecologista Sidney Pearce esclarece que o Implanon é um método contraceptivo único, por se tratar de um dispositivo de liberação hormonal, constituído por uma haste de silastec que libera continuamente o hormônio etonogestrel.

Quando comparado com os métodos contraceptivos tradicionais tipo pílulas, ele se destaca por não necessitar de passagem pelo fígado para ativar o hormônio, pois já cai diretamente na corrente sanguínea, evitando alterações que favorecem a trombose e a dislipidemia.

Por ser implantado, ele se trona altamente eficaz por evitar o esquecimento típico das pacientes, pontua o especialista.

Vantagens

As vantagens são típicas dos contraceptivos de longa duração: alta eficiência, baixa dose, segurança, poucos efeitos colaterais, baixo custo a longo prazo e aderência ao método.

A ginecologista Shirley Bruno, obstetra do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), também destaca como vantagem do Implanon a possibilidade de o método ser usado em mulheres com malformação uterina e em mulheres no pós-parto imediato, além de não interferir na lactação.

Desvantagens

A necessidade de um profissional para inserir e remover, e poder apresentar alterações no ritmo menstrual como escapes e ausência da menstruação, como todo progestageno contínuo.

Quem tem Implanon menstrua?

O Implanon, por se tratar de um derivado da progesterona de uso contínuo, tende a diminuir o fluxo menstrual. Em alguns casos, a mulher deixa de menstruar.

"Vale salientar que apresenta um período de adaptação que dura cerca de 4 a 8 meses e pode constar de sangramentos de escape ou até aumentados", esclarece Sidney Pearce.

Qual a duração?

A duração do método é de 3 anos.

Quanto custa para colocar?

O custo de aplicação do Implanon pode variar, em média, de R$ 1.200 a R$ 3.000 na rede particular de saúde.

Posso colocar Implanon pelo SUS?

Segundo a obstetra Shirley Bruno, o método também está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), mas é apenas liberado em alguns casos com avaliação médica.

Em 2021, o Ministério da Saúde incorporou o método ao SUS para a prevenção da gravidez não planejada por mulheres adultas em idade reprodutiva entre 18 e 49 anos. Podem receber o implante pessoas com os seguintes perfis: 

  • Mulheres em situação de rua;
  • Mulheres com HIV/Aids em uso de dolutegravir;
  • Mulheres em uso de talidomida;
  • Privadas de liberdade;
  • Trabalhadoras do sexo;
  • Mulheres em tratamento de tuberculose em uso de aminoglicosídeos, no âmbito do SUS.

Quais os cuidados após a inserção?

Após a inserção, é normal aparecerem discretos hematomas no local, que podem ser tratados com compressas de gelo.
Recomenda-se limpeza do local, curativo por 2 dias e evitar esforço físico maior com o membro por 2 dias.

Como é retirado?

A retirada é realizada em consultório, fazendo uma pequena incisão sob anestesia local. É considerado um procedimento simples e rápido.