Com o início da quadra chuvosa em Fortaleza, é comum que o mofo, um velho conhecido do período, se prolifere mais facilmente. Também chamado, popularmente, de bolor, o micro-organismo pode deixar manchas em roupas e tecidos, e danificar itens do mobiliário e a estrutura de residências.
Além disso, é considerado prejudicial à saúde, promovendo o aparecimento de doenças respiratórias. Por isso, é importante entender como o fungo se manifesta e como é possível evitar sua propagação.
O QUE CAUSA O MOFO?
Coordenadora do Laboratório de Microbiologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Lydia Pantoja* estuda esses micro-organismos e explica que “mofo” é uma denominação popular dada aos fungos filamentosos, conjunto que compreende uma enorme variedade de espécies.
Esses organismos gostam de ambientes escuros e com umidade. É justamente por isso que eles costumam aparecer em maior quantidade durante o período chuvoso, quando o ar é tomado por umidade e as residências não costumam ficar bem arejadas.
Em ambientes domésticos, Lydia Pantoja diz que essas condições podem ser encontradas, em sua maioria, na cozinha, no box do banheiro e no guarda-roupas.
O QUE PODE CAUSAR À SAÚDE?
Conforme a professora, os fungos fazem parte do organismo humano, estando presentes também nos alimentos e no nosso cotidiano. O problema, no entanto, ocorre quando eles aparecem em maior quantidade, tornando-se prejudiciais à saúde.
Ao entrar em contato com essa alta concentração, é possível que o indivíduo desenvolva problemas respiratórios, que afetam principalmente pessoas que tenham asma, sinusite e outras doenças relacionadas.
Além disso, a professora afirma que o contato com os fungos pode desencadear doenças de pele. Por este motivo, o contato direto é desaconselhado.
SINTOMAS
Entre os sintomas de doenças provocadas pelo mofo, estão:
- tosse
- dor de cabeça
- coriza
- congestão nasal
- irritação nos olhos
- reações cutâneas
Caso qualquer alteração seja notada após o indivíduo ter contato com uma grande quantidade de mofo, é recomendado que ele procure atendimento médico.
COMO EVITAR O MOFO
Como o mofo se prolifera com mais facilidade em ambientes com muita umidade e pouca ventilação, o recomendado é arejar, o máximo possível, os mobiliários e itens do vestuário.
MÉTODOS PARA ACABAR COM O MOFO
De acordo com a personal organizer Adriana Castro**, existem vários meios e produtos que podem ser utilizados para acabar com o fungo. Uma das dicas da especialista é usar desumidificadores à base de cloreto de cálcio, encontrados em supermercados e lojas de utilidades para o lar. O produto, ao ser colocado em pequenos potes, absorve a umidade do ar, o que dificulta a proliferação do mofo.
Também é possível achar a versão elétrica do desumidificador: um pequeno aparelho elétrico que é instalado nos mobiliários e suga o ar úmido, devolvendo-o seco.
Para remover o fungo, a personal organizer explica que vinagre branco de álcool e água sanitária também podem ser utilizados. A profissional, no entanto, ressalta a importância de manter todos os métodos indicados longe do alcance de crianças e de animais.
TRUQUES PARA IMPEDIR MOFO NAS ROUPAS
Uma ótima forma de evitar que as roupas guardadas em armários acabem mofando, segundo a especialista em organização, é realizar uma limpeza prévia nos móveis, utilizando um pano de limpeza para aplicar vinagre branco de álcool. Depois que a substância secar, as peças de vestuário podem retornar aos devidos lugares.
Outra dica é evitar guardar as vestimentas em sacos plásticos e caixas de papelão, já que os materiais não permitem a circulação do ar.
Adriana ainda recomenda que, em dias ensolarados, as portas e as gavetas dos mobiliários sejam abertas, para que as roupas possam ser arejadas.
MOFO DANIFICA ESTRUTURA DAS RESIDÊNCIAS?
Professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará (UFC), Eduardo Cabral*** explica que, ao entrar em contato com certas partes das edificações, como alvenarias, o mofo pode provocar reações químicas que resultam em problemas estéticos e estruturais.
Considerado um fungo filamentoso, o micro-organismo é um decompositor de substâncias químicas, ação que altera o pH das superfícies, e pode causar manchas, explica ele. Em estruturas de concreto armado, caracterizadas por armações feitas com barras de aço, o mofo pode gerar problemas ainda mais graves, como corrosão.
Para evitar que a proliferação do fungo atinja esse nível, o especialista sugere que a parte das edificações afetada pelos micro-organismos seja lavada com um jato de água com pressão, e, em seguida, receba a aplicação de água sanitária diluída em água.
*Lydia Pantoja é graduada em Ciências Biológicas pela Uece, mestre em Microbiologia Médica pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutora em Engenharia Civil também pela UFC (2016). Atua como professora no curso de Ciências Biológicas da Uece. Entre os temas estudados por ela, estão: aerobiologia, taxonomia fúngica e fungos anemófilos.
**Adriana Castro é pedagoga de formação e personal organizer certificada. Atua há quatro anos no ramo da organização, elaborando projetos de organização por ambiente e prestando consultorias. Ela é a fundadora do blog "Por Questão de Ordem", que dá dicas sobre organização e planejamento.
***Eduardo Cabral é graduado em Engenharia Civil pela UFC, com mestrado em Engenharia Civil (Construção Civil) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP). É docente da UFC e tem experiência na área de Construção Civil, atuando principalmente nos seguintes temas: diagnóstico de manifestações patológicas em edificações, reparo e reforço do concreto armado e gestão de resíduos sólidos da construção civil.