Muito mais do que a "cereja no bolo", a fruta pequena, redonda e de cor vermelha forte possui uma polpa macia e suculenta, que permite a transformação em vários tipos de comidas.
Comum em zonas de clima temperado, especialmente na Ásia, onde foi originada, a cereja se difundiu e hoje tem como seus maiores exportadores os Estados Unidos e a Turquia. O Brasil conta apenas com plantações experimentais.
Para entender mais sobre a pequena fruta — mas com potencial gigante —, o Diário do Nordeste conversou com a engenheira de alimentos e especialistas em ciência de alimentos e processo de fabricação, Jorgiane Lima*.
Quais os benefícios da cereja?
Propriedades diuréticas e laxativas
Quando consumida in natura, a cereja possui uma série propriedades refrescantes e também diuréticas — conferindo hidratação — e laxativas.
Combate o reumatismo, a artrite e a gota
De acordo com Jorgiane, a riqueza da fruta em ácido salicílico auxilia no tratamento de doenças com o reumatismo, a gota e a artrite.
Devido ao potencial anti-inflamatório e anti-oxidante, a cereja reduz a inflamação das articulações. No caso gota, a riqueza em vitamina C confere o aumento da eliminação do ácido úrico pela urina.
Pode prevenir câncer e diabetes
Os polifenóis presentes na cereja podem desacelerar a proliferação e causar a morte de células cancerígenas, especialmente nos cânceres de mama e próstata, como mostrado em estudos segundo a plataforma Tua Saúde.
Além disso, a cereja é uma fruta pouco calórica que:
- Contém muita fibra
- Auxilia no funcionamento do intestino
- Tem muita vitamina C
- Tem muitas propriedades anti-inflamatórias
- Possui propriedades anti-oxidantes
Como consumir?
Além de in natura, a cereja pode ser comprada em conserva, cristalizas, em compota (com caroço ou não), em caldas ou em forma de geleia.
Segundo a engenheira de alimentos Jorgiane Lima, o ideal é verificar se as cerejas estão firmes, com a cor bem brilhante e sem manchas ou fendas.
"É conveniente comprar cerejas que ainda tenham o cabinho, pois a falta dele indica que as frutas já foram colhidas há muito tempo", indica a professora.
E elas não devem ser guardadas durante muito tempo. Quando estão bem frescas, podem ser conservadas por uma semana na gaveta da geladeira ou em lugar seco e arejado.
Perguntas frequentes
De onde vem a cereja?
A fruta vem da cerejeira, uma espécie de pertencente à família Rosaceae, subfamília Prunoideae, do gênero Prunus.
Quais tipos de cereja?
São cerca de mil variedades de cereja. As principais são:
- Cereja doce (Prunus avium L)
- Cereja de sabor ácido (Prunus cerasus L.)
- Cereja híbrida
As mais comuns, segundo Jorgiane Lima, são as doces, usadas para o consumo direto, cruas e frescas. Já as ácidas, são mais comuns na produção de pudins, gelados, compotas, licores, sumos, etc.
Folhas e sementes da cereja servem?
Sim. As folhas de cereja são úteis para fazer chás, devido à presença de compostos fenólicos nas folhas. Isso proporciona efeitos anti-oxidantes poderosos.
As sementes encontradas no interior da cereja possuem propriedades vermífugas e diuréticas.
Curiosidade sobre a cereja
É verdade que a cereja do bolo nem sempre é cereja?
Sim. Você provavelmente já comeu chuchu no topo do bolo. Embora a maioria seja verdadeira, muitas padarias e confeitarias recorrem à réplica, feita com chuchu. Isso se deve ao preço e à sazonalidade da fruta.
A engenheira de alimentos e especialista em frutas Jorgiane Lima compartilhou algumas dicas de como saber se você está comprando um bolo com cereja. Atenção:
- Ler a lista de ingredientes, pois as falsas cerejas são comercializadas como: enfeite para confeitaria sabor cereja.
- Verificar se a fruta possui caroço ou um buraquinho decorrente da retirada do caroço.
No entanto, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça, explica que vender um produto informando outra coisa é crime. Substituir chuchu por cereja sem declarar no rótulo pode dar até um ano de detenção e multa de R$ 3 milhões.
*Jorgiane Lima é professora do Curso de Especialização de Vigilância Sanitária de Alimentos e Ciência de Alimentos da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos (2021), Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos (2015) e Bacharel em Engenharia de Alimentos (2013) pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Suas pesquisas estão relacionadas com desenvolvimento de produtos e processos na área de frutos tropicais, estudo da extração, purificação e aplicação de compostos bioativos provenientes de substratos naturais, com ênfase na caracterização físico-química, química e biológica, aproveitamento de coprodutos agroindustriais, nanotecnologia e filmes comestíveis e biodegradáveis. Com vivência em indústria alimentícia e na implantação, manutenção e atualização dos programas de segurança de alimentos: Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e de Sistemas de Gestão da Qualidade.