Se você gosta de andar descalço na rua, certamente já ouviu de alguém para ter cuidado para não "pegar bicho-de-pé”. Chamada de tungíase, a infecção é causada pela menor pulga do mundo, a Tunga penetrans, que se desenvolve em solos quentes, secos e arenosos.
Normalmente, o parasita penetra a planta dos pés, o entorno das unhas e os calcanhares, regiões que têm contato direto com o chão, e cria um “nódulo” esbranquiçado com um ponto escuro no centro, que nada mais é do que o abdômen da pulga, cheio de ovos.
Segundo o dermatologista Guilherme Holanda*, a infecção pode ser assintomática ou estar associada a coceira e dor. Além disso, ele lembra que o tamanho da lesão, bem como a quantidade de erupções cutâneas e o desconforto, dependem da proporção da infestação.
“Existem dois tipos principais de tungíase: localizada [mais frequente] ou disseminada. De acordo com estudos feitos em Fortaleza e no Rio Grande do Sul, estima-se que 16% dos contaminados apresentem tungíase disseminada”, pontua o especialista. Vamos entender.
Como é o bicho-de-pé?
A lesão caracteriza-se por uma erupção cutânea esbranquiçada com um ponto escuro no centro, que é justamente o abdômen da Tunga penetrans, a pulga que se instala no local.
Em alguns casos, é possível identificar várias lesões do tipo no corpo.
Como se pega?
O bicho-de-pé, como popularmente é chamada a tungíase, ocorre quando a Tunga penetrans, a menor pulga do mundo, abre um orifício em uma parte do corpo humano ou animal — geralmente, planta dos pés, entorno das unhas e calcanhares, que têm contato direto com o chão — e se instala na região.
Ah, somente a pulga fêmea é que penetra na pele. Ela põe lá seus ovos e fica se alimentando do sangue do hospedeiro por algumas semanas enquanto as crias amadurecem.
Sintomas
Em alguns pacientes, mesmo entre os que não conseguem visualizar o caroço formado pelo parasita, é possível que a tungíase provoque coceira, dor e desconforto na região afetada.
De acordo com a Rede D'Or, sintomas comuns da infecção são:
- Dor na sola dos pés;
- Desconforto ao usar sapatos ou ficar longos períodos em pé;
- Eliminação de secreção esbranquiçada ou amarelada no local da lesão;
- Ferimento que aumenta de tamanho ao longo dos dias.
Tipos
Conforme dito pelo dermatologista Guilherme Holanda, o bicho-de-pé tem dois tipos de manifestação: localizada e disseminada. O primeiro caso é autoexplicativo, ocorre quando a pulga abre apenas um orifício na pele da pessoa ou do animal infectado e fica lá, instalada.
Os casos de tungíase disseminada, que, segundo o médico, representam 16% das vezes, dizem respeito a múltiplas lesões nos pés e, às vezes, até nas mãos, caso elas também tenham tido contato com o ambiente contaminado.
Como fatores de risco para esse tipo mais “grave” da tungíase, o especialista destaca três principais: alcoolismo, adoecimento mental e moradia precária. “Uma possível explicação seria o contato prolongado com o chão nessas situações, principalmente nas duas primeiras, e a dificuldade de manter ou de ter um autocuidado”, comenta Holanda.
Como é o tratamento?
O tratamento para o bicho-de-pé consiste, basicamente, em retirar o parasita, até para evitar que a infecção piore ou que a região seja contaminada por outros micro-organismos.
O procedimento, contudo, deve ser feito por um dermatologista ou clínico geral, capacitados para fazer a remoção de maneira segura e com equipamentos esterilizados.
Além disso, dependendo da lesão, os profissionais podem indicar o uso oral de medicamentos antiparasitários. Há, também, médicos que indiquem remédios específicos para o alívio de sintomas e antibióticos em forma de pomada ou comprimido para tomar após a retirada do parasita.
Existe diferença em bebês e crianças?
Não. Contudo, a tungíase é mais comum em pequenos dessa faixa etária porque eles costumam estar frequentemente em contato direto com o chão, seja correndo ou engatinhando.
Por isso, é preciso estar atento para evitar que bebês e crianças fiquem descalços em regiões com maior probabilidade de abrigarem as pulgas, como áreas rurais, de praia ou pracinhas.
Perguntas frequentes
O que acontece se não tirar?
Segundo o dermatologista Guilherme Holanda, algumas possíveis complicações são infecção de pele e tétano.
Como se prevenir?
Evitar andar descalço em solos arenosos e com lama e não frequentar ambientes com lixo e pouco saneamento. Além disso, se tiver um pet, levá-lo com frequência ao veterinário para avaliar se ele está infectado com a pulga, para removê-la rápido e evitar transmissão.
A ferida aumenta?
Sim. Ao longo do tempo, conforme a fêmea vai pondo mais ovos. Porém, o parasita tem um tempo de vida estimado em três semanas. Depois disso, a pulga morre e os ovos eclodem, liberando larvas de novos animais, que podem infectar mais pessoas e bichos.
*Guilherme de Medeiros Holanda é médico, com residência médica em dermatologia pela Universidade de São Paulo (USP), doutorando em clínica-médica e dermatologia na USP, especialização em dermatologia oncológica e cirúrgica na USP e especialização em cirurgia micrográfica de Mohs, também, na USP