Angina de peito (angina pectoris) é a descrição para caracterizar a dor torácica causada pela falta de sangue (isquemia) que acomete o músculo cardíaco. Ela é quase sempre relacionada a doenças que causam obstrução nas artérias responsáveis por levar sangue ao coração, as coronárias.
A maior causa de angina é denominada aterosclerose, ou seja, a deposição de placas de gordura dentro dos vasos (coronárias) responsáveis por levar sangue ao músculo do coração. Em situações nas quais o entupimento atinge mais de 70% do diâmetro do vaso, o coração, ao ser submetido a uma demanda aumentada, como esforço físico ou estresse emocional, tem uma oferta de oxigênio insuficiente para aquela demanda, levando à chamada isquemia e com isso à angina de peito.
A angina se manifesta como uma sensação de dor ou desconforto no centro do peito explica a médica cardiologista Laura Escóssia*. De localização mal definida, é mais comumente descrita como aperto, peso, sufocação, queimação ou estrangulamento.
No Brasil, dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) mostram que a causa cardiovascular corresponde a quase 30% das causas de morte. Dados epidemiológicos de outros países sugerem que, após 65 anos, 10 a 15% das pessoas tenham angina em algum momento, e quantidade igual ainda pode apresentar isquemia silenciosa.
O que é angina?
O coração funciona como uma grande bomba que manda sangue para nutrir todos os órgãos do nosso corpo. E, para funcionar, também precisa receber nutrientes que chegam através do fluxo sanguíneo. Se esse fluxo sanguíneo é reduzido ou interrompido teremos uma dor denominada de angina, explica a médica cardiologista.
Quais os sintomas da angina?
A angina é uma dor no peito que pode vir como pontada ou um aperto, associada à dificuldade de respirar. A dor também pode vir um pouco mascarada como uma dor no estômago. Esses sintomas podem surgir com sensação de entalo, náuseas, vômitos ou suor frio.
Quais os tipos de angina?
Precisamos ficar espertos e entender os principais tipos de angina para prevenir e buscar ajuda ao menor sinal de uma possível falha do nosso coração, alerta Laura Escóssia. Existem os tipos de angina: estável e instável.
- Angina estável: seria a dor no peito ao realizar esforço físico, por exemplo ter dor ao varrer uma casa, lavar um banheiro, correr, subir escadas, caminhar rápido. Essa sensação é como se fosse um alerta, ressalta a cardiologista. "Seu coração dizendo: dá uma olhada em mim porque o fluxo de sangue não está muito legal. Se esses sintomas não são devidamente investigados, isso pode progredir para uma angina instável", frisa Laura Escóssia.
- Angina instável: descrita como uma dor que pode vir mesmo em repouso. "Caso você não investigue e trate essa angina, isso pode progredir para um infarto agudo do miocárdio, que é a interrupção completa do fluxo de sangue gerando a morte do músculo cardíaco", pontua a cardiologista.
Dependendo da parte do coração que teve o fluxo interrompido, a pessoa terá sequelas graves como insuficiência cardíaca, que é a falha do músculo cardíaco. "Para entender melhor, o coração é irrigado por três grandes vasos: a depender do vaso que foi ocluído, a pessoa terá sequelas maiores. Se há uma interrupção do fluxo sanguíneo de dois vasos, teremos um infarto de maior magnitude que se apena um vaso de menor magnitude tiver sido ocluído", detalha Laura Escóssia.
Quais as principais causas?
- História familiar de infarto, tipo pai, mãe e irmãos;
- Obesidade;
- Diabetes;
- Tabagismo;
- Sedentarismo;
- Estresse.
Qual o tratamento para angina?
Cada vez mais se tem falado de hábitos de vida saudáveis e atividade física. "Uma vez com os sintomas e o diagnóstico sejam estabelecidos, vamos ao tratamento que vai desde medicações até intervenções como o cateterismo cardíaco com colocação de stent, um tipo de dispositivo conhecido como 'molinha' que irá desobstruir, abrir o vaso e fazer o fluxo sanguíneo normalizar, voltando a dar a nutrição necessária para o coração", comenta a cardiologista.
*Laura Escóssia é especialista em insuficiência cardíaca e transplante pelo Instituto do Coração de São Paulo (Incor), Universidade de Medicina de São Paulo. Fez residência em cardiologia no Hospital Sírio Libanês. Tem título de especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de cardiologia (SBC) e residência de clínica medica no Hospital das Clinicas Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, São Paulo. Formada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte. Atualmente é medica do transplante cardíaco do Hospital do Coração de Messejana.