Família de políticos operava rede de crimes em Pentecoste, diz MP

Operação do MPCE com a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão contra primeira-dama, presidente da Câmara dos Vereadores e ouvidora municipal. Grupo é acusado de estelionato, organização criminosa e lavagem de dinheiro

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(Atualizado às 14:57, em 13 de Agosto de 2019)
Legenda: Os mandados foram cumpridos por promotores e policiais civis, comandados pelo promotor de Justiça Jairo Pequeno Neto e o delegado Régis Pimentel
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Os levantamentos da Operação Caixa 2 levaram à detenção de membros de uma família que teriam chegado ao poder com o cometimento de crimes e continuariam praticando delitos, dentro da máquina pública de Pentecoste (a 90 km de distância de Fortaleza). O presidente da Câmara dos Vereadores, a ouvidora e a primeira-dama do Município foram presos, ontem.

A quadrilha, que seria liderada pelo prefeito João Bosco Pessoa Tabosa (PDT), é acusada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por estelionato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O órgão ministerial também solicitou a prisão do chefe do Executivo e o afastamento do cargo, mas a Justiça entendeu que "embora graves, os atos imputados ao acusado João Bosco, não guardam qualquer relação com a gestão municipal. Assim, não se afigura razoável o afastamento do cargo, em subtração à vontade popular".

O vereador Pedro Hermano Pinho Cardoso (PDT) foi preso preventivamente; enquanto sua mãe, a ouvidora municipal Maria Clara Rodrigues Pinho, e a sua tia, a primeira-dama Maria Clemilda Pinho de Sousa, terão que cumprir prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.

O juiz da Comarca de Pentecoste, Caio Lima Barroso, também determinou o afastamento dos investigados de suas funções públicas por tempo indeterminado. Os mandados foram cumpridos no Município por promotores e policiais civis, comandados pelo promotor de Justiça Jairo Pereira Pequeno Neto e o delegado Régis Pimentel.

O advogado de defesa dos presos, Hélio Leitão, afirmou que a detenção dos clientes era "desnecessária". "Essas pessoas contribuíram com a investigação. Os fatos em apuração datam ainda de meados de 2016. Elas têm endereço fixo e nunca se furtaram de contribuir com a investigação. Portanto, não há qualquer necessidade dessa prisão. Elas já apresentaram a defesa no processo e estão aguardando a instrução criminal para produzir provas", defende.

Para o Ministério Público, parte do dinheiro utilizado nas campanhas vitoriosas do prefeito João Bosco e do vereador Pedro Hermano é oriunda de golpes bancários. A quadrilha teria colocado um casal na porta das agências bancárias do Município para oferecer "ajuda" aos idosos e, depois de ganhar a confiança dos mesmos, desviar valores de empréstimos e benefícios.

Após chegar ao poder, o grupo teria empregado uma funcionária "fantasma" na máquina pública, inclusive a mulher que realizava os golpes. Ela e o marido foram presos e firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público, o que levou à investigação.

"A medida direcionada a Pedro foi mais gravosa, pois, além de praticar o crime de estelionato contra idoso, ainda inseriu a funcionária 'fantasma' nos quadros da Câmara. Além do mais, Pedro e Clemilda ainda ajudaram na fuga dela para Fortaleza e pagaram uma mesada para a criminosa", explicou o promotor.

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