O vice-prefeito de Apuiarés, Antonio Abdias Ferreira de Abreu, teria recebido pelo menos R$ 57 mil de propina, segundo a investigação do Ministério Público do Ceará (MPCE). Ele e o ex-chefe de gabinete do Município, o empresário Raimundo Nonato Alves Soares, foram presos na Operação 10%, deflagrada ontem.
Antonio Abdias se aproveitou da função de prefeito interino, por 180 dias, entre agosto de 2017 e janeiro deste ano, para cobrar 10% do contrato de prestação de serviços de limpeza urbana da cidade, ou seja, cerca de R$ 9,5 mil, por mês, segundo o promotor de Justiça Jairo Pequeno Neto, coordenador da Operação.
O empresário vencedor da licitação pagava a propina com o intuito de manter o contrato. A entrega do dinheiro era realizada no restaurante do sogro do empresário, localizado na Avenida José Bastos, em Fortaleza, e foi filmada por câmeras de monitoramento do estabelecimento.
Raimundo Nonato também foi detido porque teria participação no esquema criminoso e chegou a receber o dinheiro do empresário, em algumas ocasiões, conforme a investigação do MPCE.
O juiz da Comarca de Apuiarés, Caio Lima Barroso, decretou a prisão preventiva do vice-prefeito e a prisão temporária do ex-chefe de gabinete (por apenas 30 dias). A defesa da dupla informou que não se posicionaria sobre as detenções neste momento, pois ainda iria se informar sobre a Operação. O Ministério Público do Ceará tem indícios e investiga a continuação do esquema criminoso, mesmo após o retorno de Antonio Abdias para a posição de vice-prefeito da cidade.
Operações
A Operação 10% é um desdobramento da Operação Malabares, deflagrada pelo MPCE em duas fases, em março e maio deste ano. Na segunda fase, Antonio Abdias já havia sido preso, junto de um advogado e ex-procurador de Apuiarés. Na primeira fase, três empresários foram detidos.
A Operação Malabares desarticulou uma suposta organização criminosa que falsificava documentos do Ministério Público do Ceará para utilizar em fraudes de licitações públicas no Interior do Estado.
Fraude em licitações
Os documentos falsos continham até o símbolo da Instituição e foram encontrados durante outra operação deflagrada pelo Ministério Público do Ceará, a 'Cascalho do Mar'. Esta investigação, por sua vez, também já resultou em duas fases e na prisão de dez pessoas, por participação em um esquema criminoso de fraudes de licitações públicas.