Empresários donos da loja Maison Móveis e Decoração, em Juazeiro do Norte, na região do Cariri, são investigados pela Polícia Civil por supostamente usarem dados de clientes para aplicação de golpes milionários. Uma vendedora do estabelecimento comercial, que seria a responsável pela captação das informações das vítimas, foi presa.
O caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil por meio de boletins de ocorrência registrados por ao menos cinco das vítimas. Segundo elas, foram feitos empréstimos bancários de mais de R$ 1 milhão em seus nomes para compra de imóveis. "Durante a investigação, a gente descobriu que esse montante pode passar, inclusive, de R$ 10 milhões", disse o delegado Júlio Agrelli, responsável pela Delegacia Regional de Juazeiro do Norte, à frente do inquérito.
A funcionária da loja, identificada como Layannara Gonçalvez, teria se apossado dos dados pessoais dos clientes com o argumento de que precisava de uma quantidade mínima de informações cadastrais para bater a meta mensal da empresa. "A gente não tem ideia ainda do tamanho da fraude e de quantas vítimas foram lesadas por essa quadrilha", comentou Agrelli. Segundo ele, os nomes dos clientes eram utilizados para obtenção de empréstimos no banco para supostas compras de móveis. "Móveis esses que nunca eram comprados. Eles usavam isso como subterfúgio para movimentar fluxo de capital", explicou o delegado.
O grupo é investigado por crimes como lavagem de dinheiro, estelionato e formação de quadrilha. Além disso, a Polícia informou que chama atenção a possibilidade de algum funcionário do banco em questão ter facilitado ou participado das fraudes. Isso porque algumas das pessoas lesadas tinham "perfil muito baixo" para solicitar empréstimos. "Pessoas que ganhavam um salário mínimo conseguiram fazer empréstimo de mais de R$ 600 mil", citou Agrelli.
Dentre os foragidos, a Polícia informou que estão o proprietário e o sócio da loja e uma terceira pessoa vinculada a uma clínica de reabilitação em Juazeiro do Norte.
Empresa diz colaborar com o inquérito
Em nota publicada nas redes sociais, o escritório de advocacia Gurgel e Quezado, responsável pela defesa da Maison Móveis e Decoração, afirmou que os sócios estão contribuindo com as investigações policiais "e desejam que, com o máximo de brevidade possível, os fatos sejam esclarecidos a bem da verdade e para que a honrosa reputação da empresa e dos seus funcionários possa ser restabelecida".
Além disso, os advogados ressaltaram que a empresa tem cinco anos de existência, que é reconhecida por clientes e parceiros como "exemplo de empreendedorismo de sucesso" e que foi "surpreendida" com a abertura do inquérito criminal.
"A Maison Designer Interiores foi surpreendida com a abertura de investigação criminal, mas está colaborando e esclarecendo todos os fatos junto à Polícia Civil do Ceará, apresentando a documentação necessária para a demonstração da lisura das suas operações mercantis", escreveram.