Romance, traição, chantagem e mortes. Esses são alguns dos fatos que antecederam a prisão de Taynar Silva Benevenuto,27 anos. Ela é companheira de José Roberto Silva Barbosa, conhecido como ‘Zé Caucaia’ ou ‘Zefirelli’, apontado como chefe da célula em Caucaia, de uma facção criminosa com origem cearense.
Informações sobre a investigação sigilosa, ainda em andamento, chegaram ao conhecimento da nossa reportagem. O enredo da história que vamos contar tem vários ingredientes que, misturados, resultaram em uma sequência de acontecimentos trágicos.
Conforme a investigação, tudo começou quando Taynar Benevenuto se envolveu amorosamente com um jovem identificado como Davi Afonso Portela Ferreira, de 21 anos, o ‘Rael’, integrante do grupo a qual o companheiro dela lidera.
O relacionamento era mantido em total sigilo. A descoberta da relação e da traição seria motivo para desavenças rumorosas com consequências mortais. E o que era esperado, aconteceu.
A reportagem apurou que o romance entre Taynar e Davi foi descoberto por um homem identificado como Marcos Rômulo Sousa Gomes, o que piorou a situação. Rômulo, apontado como um dos principais nomes no comércio de entorpecentes na área do Parque Potira, em Caucaia, passou a chantagear Davi e dizer que contaria a todos sobre o caso entre ele e Taynar.
A investigação da Polícia acredita que, por esse motivo, no dia 28 de novembro de 2023, Davi matou Rômulo. Inicialmente, informações divulgadas em redes sociais apontavam que Davi teria matado o comparsa, tentando voltar para uma facção carioca, grupo a qual ele havia saído para integrar uma nova facção de origem cearense.
Para mostrar fidelidade à antiga facção, ele teria matado Rômulo. Contudo, testemunhas ouvidas pela Polícia Civil revelaram que a real motivação seria a chantagem de Rômulo.
Desespero
As apurações policiais indicam ainda que o desespero de Davi não estava restrito apenas ao medo das consequências da descoberta do romance dele com Taynar, mas do próprio futuro amoroso com a mulher. Ela teria rompido com Davi preocupada com o que poderia acontecer com ela se descobrissem o caso.
Contudo, com o término do relacionamento, Davi ficou irritado e um dia antes de matar Rômulo foi até o endereço onde Taynar estaria, no bairro Parangaba, e efetuou disparos na frente do imóvel.
No dia seguinte a esse fato, Davi matou o comparsa tentando manter o relacionamento em sigilo e reatar a relação. Não conseguiu.
Ainda segundo a investigação, por volta das 13h do dia 30 de novembro de 2023, Davi teve o último contato com a mãe. Ele disse a ela que estava em Fortaleza, mas não deu detalhes com quem ou em que bairro estaria.
Como resultado de uma investigação complexa e bem executada, a Polícia Civil descobriu. Davi estava com Taynar, em uma casa no bairro Parangaba. Contudo, eles não estavam sós.
Executado com mais de 100 tiros
O escopo investigatório chegou ainda a outros detalhes que corroboram a participação de Taynar na morte do ex-amante. Com medo do comportamento violento de Davi e sabendo que a facção queria vingá-lo, Taynar atraiu o jovem até a casa dela e chamou os executores.
Imagens coletadas pelos investigadores em redes sociais também mostram Davi ao lado de Taynar. Perto dos dois uma rede laranja.
Naquele mesmo dia 30 de novembro, distante 14km de Parangaba, o corpo de Davi foi encontrado na esquina da Rua Santa Fé e Rua Nossa Senhora das Graças, bairro Parque Soledade, em Caucaia. O corpo do jovem estava enrolado em uma rede laranja, semelhante a que aparece nas imagens.
No local, as equipes policiais e da Perícia Forense (Pefoce) coletaram mais de 100 cápsulas de variados calibres como: .40, .380, 9mm e de fuzil .556. Por conta do número de ‘cascas’ de balas encontradas, a Polícia acredita que muitas pessoas participaram do homicídio.
Com o andamento das investigações, o Núcleo de Homicídios da Delegacia Metropolitana de Caucaia solicitou ao Poder Judiciário a prisão temporária de Taynar, além de mandados de busca e apreensão. No dia 28 de janeiro deste ano, a mulher foi localizada pela Polícia Civil, em Itaitinga, com a ajuda de uma equipe da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP).
Ela foi submetida a audiência de custódia e encaminhada para uma unidade prisional. A investigação da Polícia Civil segue para descobrir quem foram os autores materiais da morte de Davi e também outros crimes atribuídos ao grupo. A reportagem não conseguiu localizar o representante pela defesa da mulher.