Mais de 100 pessoas foram presas por abuso e violência sexual contra crianças e adolescentes em solo cearense no mês de maio, em uma força-tarefa da Polícia Civil do Ceará (PCCE) encabeçada pelo Ministério da Justiça. Entre os capturados estão professores, familiares, vizinhos e líderes religiosos, que já eram investigados ou foram denunciados no curso dos trabalhos investigativos da Operação Caminhos Seguros. O resultado da ofensiva foi divulgado nesta sexta-feira (24) em coletiva.
A operação foi realizada entre 2 e 20 maio, mas as forças de segurança ainda seguem investigando diferentes casos do tipo, e inclusive efetuaram a prisão de um professor que abusou de pelo menos cinco alunas, menores de 14 anos, em duas escolas diferentes. O docente foi preso nesta sexta em Choró, mas fez suas vítimas em Quixadá, no Sertão Central do Ceará.
O professor abordava as estudantes em sala de aula e também por meio das redes sociais. Ele já havia sido denunciado em 2023 por três adolescentes, e, neste ano, outras duas de uma instituição diferente também procuraram a Polícia para falar que foram abusadas, mas outras vítimas ainda podem surgir.
No total, 108 pessoas foram capturadas em ações da PCCE e da Polícia Militar do Ceará (PMCE). A atuação se deu em todas as regiões do Estado, conforme o coronel Kilderlan de Sousa, coordenador de operações da PMCE. Os números foram apresentados pelo delegado Harley Filho, coordenador da Coordenadoria Integrada de Planejamento Operacional (Copol/SSPDS).
Participaram da Operação Caminhos Seguros 1.800 agentes de segurança e 500 viaturas, que fizeram abordagens, prisões e fiscalizaram estabelecimentos que podiam ser locais de prostituição infanto-juvenil e de predadores sexuais.
Abusadores são pessoas próximas
Janaína Braga, diretora do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis da PCCE, pontuou que a força-tarefa também teve caráter educativo, pois somente assim as vítimas podem se proteger e tentar escapar de ataques. O perfil dos abusadores, que geralmente são pessoas próximas e do convívio das crianças e adolescentes, pode dificultar a denúncia.
"Ao longo da operação intensificamos a parte educativa com entrega de informes, pois o efetivo combate começa a partir da informação. Foram realizadas várias palestras e rodas de conversas com alunos, professores e pais, de modo a envolver toda a sociedade. Muitas vezes a criança e o adolescente nem sabe que está sendo abusada. No momento que a gente leva o assunto, eles começam a se proteger e identificar o que é o crime e assim procurar ajuda", pontua a diretora.
A Operação é de âmbito nacional e está em sua quarta edição. No Brasil, mais de 100 crianças e adolescentes foram resgatados de situações de abuso e exploração sexual.