A Operação Bricolagem, que investiga fraudes em licitações de empresas para construção de escolas em Granjeiro, município do Ceará, mostram que o prefeito da cidade, João Gregório Neto, movimentou cerca de R$ 26 milhões num período de dois anos na conta de um parente beneficiário de aposentadoria rural. A Polícia Federal encontrou R$ 213 mil em caixas de sapato na casa do gestor.
“Além do desvio, do próprio crime de fraude, ainda há a lavagem de dinheiro. Fora a questão social, um município pobre, com IDH baixíssimo e, além disso, tem os recursos desviados. São indícios muito fortes de desvios, e uma movimentação vultosa na conta de um aposentado rural”, destacou a delegada da PF, Josefa Maria Lourenço da Silva.
A operação cumpre 15 mandados de busca e apreensão, nesta quarta-feira (21), nas cidades de Granjeiro, Caririaçu, Aurora, Juazeiro do Norte, na Região do Cariri, e em Fortaleza. Na capital, foram realizadas buscas nas residências de empresários e nas empresas vencedoras das licitações.
O valor dos contratos somam cerca de 5 milhões. No entanto, segundo a PF, não é possível afirmar que se trata do mesmo valor do dano causado com os desvios.
A delegada afirma que esta fase é para recolher material e fazer perícia na engenharia das escolas. O próximo passo será a intimação das pessoas envolvidas nas fraudes.
Foram apreendidos, além do dinheiro em espécie, de documentos de contratos e processos de pagamento, veículos e uma máquina de contar dinheiro.
De acordo com ela, a construção das unidades era feita com participação direta do próprio prefeito, que comprava materiais e contratava trabalhadores, apesar de já haver empresas contratadas para o serviço.
“Eram feitos os processos licitatórios, as empresas vencedoras eram contratadas, mas quem executava as obras das escolas era o próprio prefeito. Comprava material, contratava pessoas. Um mesmo mestre de obras conduzia duas obras em duas escolas diferentes com empresas diferentes contratadas”, explica a delegada.
As investigações também acompanham a situação dos trabalhadores que foram encontrados nas obras. Segundo a Polícia Federal, eles não tinham nenhuma garantia trabalhista e trabalhavam sem equipamentos de segurança.