Morte de traficante teria motivado fechamento de comércio na Praia de Iracema; suspeito ameaçou PMs

Um integrante de uma facção criminosa carioca morreu em um hospital, na última sexta (23), após dois meses de internação, provocada por um tiro sofrido durante uma ação policial

A facção criminosa carioca Comando Vermelho (CV) teria ordenado o fechamento do comércio, na Praia de Iracema, em Fortaleza, na última sexta-feira (23), em razão da morte de um traficante. Um suspeito foi preso em flagrante, no sábado (24), e ameaçou policiais militares que participaram da prisão.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a principal suspeita da Polícia é que a ordem para fechar quiosques, bares e restaurantes partiu de um braço do Comando Vermelho que atua na Comunidade do Baixa Pau, como retaliação ao Estado. Um traficante morreu em um hospital, na última sexta (23), após dois meses de internação, provocada por um tiro sofrido durante uma ação policial.

Câmeras de monitoramento da Avenida Beira-Mar, na Praia de Iracema, captaram imagens de dois suspeitos, utilizando uma bicicleta e um patinete, percorrendo o calçadão e parando em vários quiosques para dar as supostas ordens da facção, além de conversarem com outras pessoas, na noite da última sexta-feira (23).

As ordens também se espalharam por grupos nas redes sociais, o que levou bares, restaurantes, quiosques e casas de show a fecharem as portas na sexta (23) e no sábado (24). Segundo as ordens da facção, o comércio poderia voltar a abrir as portas apenas no domingo (25).

Suspeito preso ameaçou PMs

Um dos homens que aparece nos vídeos ordenando o fechamento do comércio, utilizando um patinete, Francisco Henrique da Costa Leite foi preso em flagrante pela Polícia Militar do Ceará (PMCE), na manhã do último sábado (24). Ele foi levado ao 2º Distrito Policial (2º DP), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), onde foi autuado pelos crimes de constrangimento ilegal, desacato e associação criminosa.

Policiais militares que realizaram a prisão informaram à Polícia Civil que Francisco Henrique, ao saber que seria detido, passou a ameaçar a composição policial. O suspeito teria dito que os PMs "iriam ver o que iria acontecer" e teria repetido, por várias vezes, os nomes dos agentes de segurança, em "tom ameaçador".

Ao ser interrogado, Francisco Henrique contou que trabalhava na Beira-Mar, no fim da tarde da última sexta-feira (23), quando recebeu uma ordem de repassar a todos os comerciantes da região que os estabelecimentos deveriam ser fechados. Ele alegou que não sabia de onde partiu a ordem e que não integrava nenhuma facção criminosa.

Francisco Henrique da Costa Leite teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, pelo Plantão Judiciário Crime, em audiência de custódia realizada no último domingo (25).

O juiz considerou, na decisão, que "é de se observar que o autuado (tem) recente antecedente criminal por delito de lesão corporal em contexto de violência familiar-doméstica contra mulher, circunstância esta que, somado aos fatos objeto deste procedimento, indica que o mesmo está inserido em vida de criminalidade e vivem da prática reiterada de condutas criminosas".

Segundo o magistrado, a prisão preventiva do suspeito tem o objetivo de garantir a manutenção da ordem pública. "Os elementos dos autos revelam o risco de recidiva delituosa, a gravidade concreta da conduta e periculosidade do agente, demonstrando-se, com isso, a inidoneidade das demais medidas cautelares para preservar a ordem púbica", concluiu.